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Crianças de Gaza recebem produtos alimentares e não só

Esta Quinta-feira, assinalaram-se os 60 anos da Organização Mundial das Alfândegas (OMA), sob o signo “As fronteiras dividem, as Alfândegas unem”. As cerimónias centrais a nível de Moçambique tiveram lugar na cidade de Xai-xai, província de Gaza.

Foi no quadro das celebrações destas festividades iniciadas a 21 de Janeiro corrente que a Autoridade Tributária de Moçambique, no âmbito da sua responsabilidade social, doou ao Infantário Provincial de Gaza, diversos produtos alimentares tais como, 50 quilogramas de arroz, duas embalagens de massa esparguete e igual número de farinha de milho, entre outros géneros alimentícios, para além de peças de vestuário, duas embalagens de sabão e uma caixa de sabonetes.

O Infantário foi representado pelo director provincial do Instituto Nacional de Acção Social (INAS), esta que toma as rédeas daquele centro de acolhimento de crianças desfavorecidas e órfãs cujos pais morreram vítimas de doenças como HIV/SIDA, entre outras.

O director do INAS-Delegação de Gaza, Paulo Beirão, mostrou-se satisfeito com o gesto da Autoridade Tributária de Moçambique e das Alfândegas de Moçambique.

“Na verdade o nosso infantário necessita deste tipo de apoios, desde os produtos alimentares e outros bens básicos como vestuários, para além de brinquedos para o divertimento das crianças”, conta para depois acrescentar que o gesto enquadrado no âmbito da responsabilidade social destas duas instituições devia ser exemplar e replicado por outras instituições privadas e públicas moçambicanas e estrangeiras, isso no âmbito da sua responsabilidade social.

Beirão avançou que as crianças têm três refeições básicas diárias, mas o ideal era que no intercalar dessas refeições houvesse um lanche, principalmente para as crianças que estão no centro. Porque não temos condições para o efeito, garantimos as três principais refeições”

Entretanto, as chuvas ciclónicas associadas a depressão tropical “Dando”, destruíram parcialmente as instalações do armazém do infantário. Ademais, o tecto também foi afectado, alguns compartimentos cuja cobertura é de chapa de zinco, foram também afectadas, algumas chapas ficaram parcialmente desprendidas.

Estes efeitos da intempérie que se abateu semana passada por quase toda a região sul do país, afectando em grande escala a província de Gaza, registou-se numa altura em que as infra-estruturas do Infantário Provincial de Gaza clamam por uma reabilitação, o precário estado do tecto, as gastas pinturas das paredes são a face mais visível da degradação, para além de que o centro não dispõe de vedação, o que acaba criando alguns problemas com a comunidade próxima devido a disputa do espaço.

O director do INAS-Delegação de Gaza, Paulo Beirão, disse que o Infantário Provincial de Gaza conta actualmente com 47 crianças, das quais 25 rapazes e 22 raparigas, entre 0 e 17 anos de idade e um universo de 19 trabalhadores, dentre os quais dois guardas e o restante funcionárias que trabalham nas várias áreas.

Três refeições diárias, isso não basta

Judite Munguambe é responsável pelo refeitório do Infantário, diariamente enquanto as outras confeccionam as refeições, ela serve às crianças. Trabalha naquele centro social de acolhimento desde o ano 2002. Conta que desde que começou a trabalhar não tem enfrentado dificuldades de digno realce, quanto a alimentação elas estão bem, comem três vezes ao dia (pequeno almoço, almoço e jantar), mas nos dias em que existirem condições as crianças têm direito a lanche, ainda que raras vezes isso aconteça.

A nossa entrevistada contou que o Infantário sempre recebe crianças e nalgumas vezes adolescentes, “mas também há casos de crianças que entram aqui com os primeiros meses ou anos de vida e ficam até os seus 18 anos. Por exemplo, tivemos aqui um (agora) jovem que quando entrou tinha zero ano e saiu com 18, pois a idade já não permitia para permanecer no infantário”, conta para depois acrescentar que o mesmo jovem foi integrado na casa da irmãs na cidade de Xai-xai.

Porque as dificuldades sociais não inibem a procriação, este jovem movido pela maturidade, lá na nova residência, nas suas andanças envolveu-se com uma jovem portadora de deficiência física com a qual fez dois filhos gémeos.

“Como a mãe não está em condições de criá-los e também não podem ficar em casa das irmãs, ele preferiu trazê-las aqui no nosso infantário o ano passado, aonde também já viveu”, diz ajuntando que os referidos bebés (Jacinto e Paulo) com menos de um ano de vida, estão em boas condições de saúde, pese embora um deles apanhe febres uma vez à outra.

“Essa é nossa responsabilidade social”

Por seu turno o Director-Geral das Alfândegas, Domingos Tivane, reiterou que o gesto feito pela Autoridade Tributária de Moçambique (AT), se enquadra no âmbito da responsabilidade social da instituição.

“Nós fazemos isso anualmente, sobretudo no quadro das celebrações das festividades da Organização Mundial das Alfândegas, mas por cá, fazemo-lo no capítulo moçambicano”, conta para depois acrescentar que os produtos doados podem não ser o ideal, mas dá para as crianças usufruírem dos mesmos por algum tempo.

Domingos Tivane disse ainda que não lhe falta a vontade de fazer este tipo de gesto à título pessoal, sendo que a qualquer altura poderá fazê-lo ainda no Infantário Provincial de Gaza.

“Nós como servidores do Estado, achámos que uma das melhores formas de comemorar os 60 anos das Alfândegas fosse visitar a província de Gaza, sobretudo doar alguns géneros alimentares e não só as crianças do Infantário Provincial, pois elas também merecem esse tipo de apoio e, fazemo-lo no âmbito da nossa responsabilidade social”, comenta.

Tivane disse que consta ainda no rol da responsabilidade social das Autoridade Tributária de Moçambique, educar e sensibilizar as pessoas a pagar os impostos, aliás, ajuntou que a oferta àquele infantário foi graças ao pagamento dos impostos, para além de que eles são um vector para o desenvolvimento do país.

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