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Crianças abandonam aulas para afugentar macacos nos arredores da Beira

Um número considerável de crianças que frequentam os estabelecimentos de ensino do posto administrativo de Nhangau, arredores da cidade da Beira, na província central de Sofala, em Moçambique, abandonou as aulas para afugentar macacos nas machambas dos pais.

O facto surge porque alguns pais e encarregados de educação residentes naquele posto administrativo, pretendem proteger a produção agrícola familiar que, nos últimos tempos, tem vindo a ser destruída por aqueles primatas.

Segundo escreve o jornal “Notícias”, o problema foi já reportado às autoridades, mas a solução definitiva parece estar a tardar, facto que deixa os residentes apreensivos porque, por um lado, a sua produção agrícola está em risco e, por outro, as crianças ficam prejudicadas por faltarem constantemente às aulas.

“Há problemas de macacos que destroem culturas nas nossas machambas, principalmente as de mandioca e maçaroca. Além disso, não podem sair de casa todos os membros da mesma família, porque estes macacos ficam a fazer estragos. Por isso, lançamos um grito de socorro aos governantes”, disse um dos residentes de Nhangau.

Esta posição foi manifestada durante um comício orientado pelo 1º Secretário do Comité Provincial da Frelimo em Sofala, Henriques Bongece, inserido na visita que realizou à cidade da Beira.

No encontro, os residentes destacaram que o assunto já é do domínio da representação do Estado na Beira. José Manuel, outro residente de Nhangau, manifestou o seu descontentamento em relação ao assunto, assegurando que o problema contribui negativamente na segurança alimentar daquele posto administrativo, bem no baixo aproveitamento pedagógico naquela região da capital provincial de Sofala.

“Dizem que não podemos abater os animais selvagens que nos ameaçam, sem autorização do Governo, assim, nós, o povo, é que saímos prejudicados. Afinal, entre os macacos e a população quem é mais importante?”, questionou José Manuel.

Sobre o assunto, o director dos Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologias da Beira, César Campira, reconheceu a existência do problema, que tem influenciado negativamente no aproveitamento pedagógico, mas asseverou que há um trabalho de sensibilização das comunidades para evitar que os alunos abandonem a escola devido ao fenómeno.

“Além disso, temos trabalhado com o sector de Actividades Económicas que já tem técnicos de Floresta e Fauna Bravia no terreno para afugentar os macacos”, revelou Campira.

Arnaldo Machoe, representante do Estado na Beira, disse que algumas zonas de Nhangau já beneficiaram de acções que visam colmatar o problema e que outras acções serão levadas a cabo nas regiões do interior, como é o caso de Tchondja, onde o fenómeno é mais severo.

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