No 46º dia desde o diagnóstico do primeiro caso do novo coronavírus em Moçambique a pandemia parece estar para explodir com o diagnóstico de 12 novos casos de transmissão local, quatro deles na Cidade da Beira e um na Cidade de Inhambane, onde não existiam sequer casos suspeitos. Dentre novos doentes, o cumulativo ascendeu para 103, que neste momento não tem nenhum ligação com os trabalhadores da Total em Afungi, existem dois menores “infelizmente, uma criança de 7 meses, do sexo masculino, e uma outra criança de 10 anos, também do sexo masculino”, anunciou o Ministro da Saúde que esclareceu: “É ou não transmissão comunitária o que nós temos, a resposta é ainda não sabemos”.
O Instituto Nacional de Saúde realizou mais uma maratona de testes de covid-19, 250 entre domingo (10) e segunda-feira (11) dos quais 238 revelaram-se negativos e 12 revelaram-se positivos. “Nove indivíduos são de nacionalidade moçambicana e três estrangeiros, todos com sintomatologia leve ou com sintomatologia moderada”, anunciou o ministro da Saúde.
“Devo aqui esclarecer que a maior parte dos casos que testaram positivo resultam de um fenómeno que nós chamamos de vigilância activa, onde vamos as unidades sanitárias procurar doentes com sintomatologia e eventualmente testamos. Ao longo deste período temos vindo a fazer essa testagem e hoje temos resultados diferentes desse processo”, declarou Armindo Tiago que esclareceu que nenhum dos novos infectados faz parte dos centenas de moçambicanos ilegais que estão a regressar da África do Sul ou dos cidadãos que foram repatriados de Portugal ou têm chegado nos voos ainda regulares da Ethiopian Airlines.
“É ou não transmissão comunitária o que nós temos, a resposta é ainda não sabemos, dependerá da investigação”, reconheceu o titular da Saúde que detalhou a localização dos novos casos: “na Cidade de Pemba nós temos seis casos, sendo três moçambicanos, destes dois são do sexo masculino de 29 e 60 anos de idade, respectivamente, e um indivíduo do sexo feminino, de 25 anos de idade. Referir ainda que temos dois indivíduos de nacionalidade chinesa, do sexo masculino de 45 e 57 anos de idade e um indivíduo de nacionalidade brasileira, do sexo masculino de 48 anos de idade”.
“Na Cidade da Beira nós temos quatro moçambicanos, destes, infelizmente, uma criança de 7 meses, do sexo masculino, e uma outra criança de 10 anos, também do sexo masculino, um indivíduo de 52 anos do sexo feminino e um outro indivíduo de 24 anos, igualmente do sexo feminino”, arrolou o ministro Tiago acrescentando que “na Cidade de Inhambane nós temos um individuo de nacionalidade moçambicana, do sexo masculino de 29 anos de idade. Na Matola temos um individuo de nacionalidade moçambicana, de 47 anos de idade, também do sexo masculino”.
12 novos infectados podem ser 12 novas cadeia de transmissão
Embora os novos casos tenham sido contabilizados como de transmissão local o ministro da Saúde explicou: “Nós temos novos focos de transmissão, o nosso papel é não concluir se trata-se de transmissão local ou não antes de fazer a investigação adequada, essa é a razão pela qual estamos a dizer que existem membros seniores do Ministério para irem ao local para providenciarem informação relevante e baseada em evidência para trazer aos moçambicanos, quando se concluírem estes estudos nós vamos dar qual é a fonte de transmissão nestes novos locais. Até este momento, e até que se conclua o estudo não podemos dizer que existe alguma relação com Afungi”.
Questionado se os casos diagnosticados na Cidade da Beira poderiam estar relacionados com o camionista malawiano diagnosticado na semana passada Armindo Tiago revelou que “o estudo do perfil do cidadão malawiano ainda está em curso, o que posso dizer neste momento é que, de acordo com os dados preliminares do relatório epidemiológico, ele terá entrado em Moçambique no dia 20 de Abril, existe uma informação ausente da situação dele no dia 21, e depois chego a Beira no dia 22. Quando chega a Beira no dia 22, de acordo com informação providenciada pelo corpo médico do Malawi, ele já estava com sintomas e terá saído de Moçambique no dia 24. De acordo com o padrão epidemiológico e sobretudo com a fisiopatologia e tendo em conta o período de incubação da doença, podemos concluir que este individuo teria sido infectado no Malawi antes de vir para Moçambique, porque o período de incubação mínimo é de 2 dias e o máximo de 14 dias”.
O governante clarificou também que nem todos os moçambicanos que estavam ilegalmente na África do Sul foram ainda testado. “Em relação aos cidadãos repatriados, nós como saúde testamos à entrada de 388 indivíduos e, infelizmente, os números foram diferentes daqueles que tinham sido inicialmente providenciados e os nossos materiais de recolha de testes acabaram, já era tarde, o que nós decidimos foi dar prioridade a todos aqueles nossos compatriotas que eram de províncias distantes. Os da Província de Maputo e da Cidade de Maputo nós estamos neste momento em processo de testagem para obtenção das amostras”.