A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu, esta Sexta-feira (28), a todos os lados envolvidos na disputa relativa ao programa nuclear iraniano para que baixem o tom da “aguda retórica de guerra”.
O pedido foi uma alusão à troca de acusações feitas, esta semana, na Assembleia Geral da entidade pelo presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, e pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
“É óbvio que a retórica e os tons agressivos não serão úteis, isso está bem claro”, disse o porta-voz da ONU, Martin Nesirky, quando questionado sobre o discurso de Netanyahu, Quinta-feira 27).
“O que também ficou claro é que o Irão precisa de provar à comunidade internacional que o seu programa nuclear é para fins pacíficos”, disse Nesirky.
Usando um caricatural desenho de uma bomba, Netanyahu sugeriu no seu discurso que Israel poderia recorrer a uma acção militar para impedir o Irão de acumular suficiente material físsil para uma bomba atómica.
Ele indicou que isso pode ocorrer já no primeiro semestre de 2013. “Mesmo sem um diagrama, o secretário-geral (Ban Ki-moon) em suas declarações bastante incisivas à Assembleia Geral, Terça-feira, deixou muito claro que de facto precisa haver uma redução no tom da retórica de todos os lados”, disse o porta-voz.
“Ele referia-se à aguda retórica belicista das últimas semanas.” Domingo, Ban reuniu-se com Ahmadinejad e alertou-se sobre os perigos das declarações incendiárias. Mas Ahmadinejad ignorou os conselhos de Ban, e previu, Segunda-feira, que Israel seria “eliminado”.
No dia seguinte, no seu discurso na ONU, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, alertou o Irão de que fará tudo o que for necessário para impedir o país de obter armas nucleares. Depois, foi a vez de Netanyahu fazer ameaças.
A missão do Irão na ONU reagiu ao discurso do israelita dizendo que Teerão tem como defender-se, e que reserva-se ao direito de uma retaliação em caso de ataque.
O Irão rejeita as acusações de governos ocidentais e de Israel de que estaria a procurar capacidade para produzir uma arma nuclear.
Teerão insiste que as suas ambições nucleares limitam-se à produção pacífica de isótopos médicos e electricidade.