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Coreia do Norte pode enfrentar uma nova crise alimentar

A Coreia do Norte pode estar a caminhar para uma crise semelhante à de 1990, quando acredita-se que 1 milhão de pessoas morreram depois de uma série de desastres naturais ter causado fome generalizada, disse o funcionário duma organização humanitária, que acaba de voltar duma visita ao país empobrecido.

A Coreia do Norte sofreu graves inundações, este ano, sendo uma provocada por um tufão no início desta semana e com outra tempestade a caminho, e tem pouca capacidade para lidar com mais danos, disse Kim Hartzner, director da Missão Leste, um grupo de ajuda dinamarquês que concentra-se em fornecer auxílio alimentar para crianças.

“A escala e a magnitude do desastre foram impressionantes”, disse ele à Reuters, em Pequim, na noite da Quarta-feira, referindo-se a inundações no final de Junho e no final de Julho, que mataram pelo menos 169 pessoas, deixando cerca de 400 pessoas desaparecidas e 212.200 desabrigadas.

“Eles passaram por cinco ou seis desastres consecutivos. Este é um problema de longo prazo e os suprimentos provavelmente estão muito baixos”, relatou ele, acrescentando que havia falta de até mesmo materiais básicos para a reconstrução de casas, tais como concreto e barras de ferro.

“O dano para a terra arável não terá um efeito amanhã ou no dia seguinte; terá um efeito em dois ou três meses. Eles podem comer o milho que já colheram”, acrescentou Hartzner.

“Mas eu acho que isso vai afectar uma proporção considerável do milho. É extremamente grave se as culturas de milho e arroz estiverem danificadas”, disse ele, depois de voltar duma visita de seis dias, onde esteve em diversas áreas duramente atingidas pelas recentes inundações.

Foi a quarta viagem de Hartzner ao país desde o ano passado, quando a Missão do Leste teve o seu primeiro acesso à Coreia do Norte. A fome na década de 1990 matou uma estimativa de mil pessoas e a Coreia do Norte continuou a suportar escassez crónica de alimentos, o que muitos especialistas dizem reflectir falhas sistémicas no sistema económico fortemente centralizado do país isolado, que minou a produtividade dos agricultores.

Desde então, o sector agrícola da Coreia do Norte tornou-se cada vez mais vulnerável a inundações e secas, como resultado de desmatamento.

“Acho que estão a aumentar as chances de estarmos a chegar a uma situação que poderia ter semelhanças com a crise dos anos 1990. Definitivamente as pessoas estão a morrer. Quantos, é a grande questão que eu simplesmente não posso responder”, afirmou ele.

A ONU e outras agências dizem que o acesso à Coreia do Norte tem melhorado durante a inundação mais recente, indicando que o país quer atenuar o seu tradicional isolamento pelo menos temporariamente.

Ainda assim, continua a ser um dos Estados mais reclusos do mundo, mesmo depois de o jovem líder Kim Jong-un herdar o poder do seu pai Kim Jong-il, que morreu em Dezembro.

“Estou muito animado com a abertura deles, pela vontade deles de compartilhar informações”, disse Hartzner sobre a sua interacção com os oficiais do governo.

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