Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Continuamos com uma liberdade de imprensa boa no papel mas na prática definhada

Continuamos com uma liberdade de imprensa boa no papel mas na prática definhada

Foto de Emildo SamboA classe jornalística parou na quinta-feira (03) para celebrar a sua data, o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa. Em Moçambique, a liberdade de imprensa – um dos instrumentos fundamentais de escrutínio das acções do Governo e do exercício do poder – ainda é considerada incipiente, devido à tendência crescente de se restringir o direito de a media dispor do acesso livre à informação e colocá-la ao dispor de todos, sem qualquer tipo de amarras políticas, para que os cidadãos se instruam e questionem a quem os governa.

O recente rapto e agressão ao jornalista e advogado Ericino de Salema e o ataque ao operador de câmera do canal de televisão privada STV, Hélder Matwassa, não passaram despercebidos. Alguns ainda sangram pelos olhos quando falam do assunto.

O presidente do MISA-Moçambique, Fernando Gonçalves, disse que o não esclarecimento desses crimes pode criar na sociedade a ideia de que os protagonistas gozam de impunidade, para além de ser um claro atentado à apregoada liberdade de imprensa.

Ele lançou um vigoroso apelo às autoridades moçambicanas para que tomem “as medidas necessárias” no sentido assegurar que todos os cidadãos vivam num ambiente de segurança e os jornalistas exerçam em cabalmente a liberdade de expressão como direito de suprema importância para que a sociedade possa conhecer e se defender de possíveis arbitrariedades cometidas pelo poder público.

Na efeméride assinalada sob o lema “Mantendo Vigilância Sobre o Poder: A Imprensa, Justiça e Estado de Direito”, Jafar Mussá, representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em Moçambique – entidade que instituiu a data em 1993 –, destacou o acesso à informação de qualidade e ao serviço do povo depende de uma imprensa livre e é crucial para que esse mesmo povo conheça os seus direitos e lute por eles.

Todavia, este desiderato não pode ser alcançado enquanto persistirem problemas tais como “ameaças à liberdade de imprensa”, que consistem na tentativa de instalar o medo e a censura no seio de jornalistas, o que não só “viola os direitos humanos”, como também dificulta o acesso à informação pública com base na qual os cidadãos podem tomar decisões.

Eduardo Constantino, secretário-geral do Sindicato Nacional de Jornalistas, disse que os jornalistas enfrentam, no seu dia-a-dia, muitos entraves, mas não se deixarem vergar.

Segundo ele, “a liberdade de imprensa no país e no mundo está ameaçada” porque as acções que atentam contra o trabalho da classe estão aí expostas em praça pública.

O dirigente da agremiação que defende os interesses dos jornalistas no país, e no qual só um punhado desta classe está inscrito, “o país tem uma legislação [Lei n.º18/91, de 10 de Agosto] que permite o exercício pleno do jornalismo e que é tida como das mais liberais do continente africano”. Contudo, a mesma “está a ser pontapeada”.

Quando um jornalista é agredido em pleno exercício da sua actividade, tal é um sinal mais que claro de que alguma coisa não está bem, sobretudo quando o agressor age convicto de que nada lhe irá acontecer (…), considerou Eduardo Constantino, para quem não se pode falar de democracia e liberdade de imprensa quando situações como estas acorrem à luz do dia.

Defendeu-se no encontro que o Estado deve criar meios o exercício efectivo do direito à liberdade de imprensa, para que esta possa ser o “olho” dos 29 milhões de moçambicanos espalhados pelo vasto Moçambique e cuja esmagadora maioria não se sente representada, por vezes, nos órgãos de tomada de decisão.

Neste contexto, o vice-ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Joaquim Veríssimo, entende que se o Governo deve ser escrutinado, o mesmo deve acontecer à imprensa, na qualidade de ser o quarto poder para que, também, cumpra o seu trabalho dentro dos parâmetros impostos.

Reagindo em torno da agressão aos jornalistas acima mencionados, o governante disse que o Executivo repudia todo o tipo de violência contra qualquer pessoas (…).

Na sua mensagem por ocasião do 03 de Maio – Dia Internacional da Liberdade de Imprensa – o Presidente da República, Filipe Nyusi, a liberdade de imprensa é um direito fundamental cuja observância “propicia o usufruto do acesso à informação”, e para tal o jornalista é crucial.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!