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Conflitos terrorismo e integração económica no topo cimeira da UA

A 15ª Cimeira Ordinária dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA) arrancou hoje na capital ugandesa, Kampala, com as atenções viradas para a situação de paz e segurança no continente, face ao recrudescimento do conflito na Somália e aos ataques bombistas de 11 de Julho corrente no Uganda.

A atenção especial à situação de paz e segurança resulta do facto de esta Cimeira decorrer numa altura em que na Somália se regista uma continuação de ataques dos insurgentes islamitas do movimento Al – Shabaab contra as forcas de Paz da União Africana e contra civis, enquanto no Uganda dois os ataques havidos há duas semanas vitimaram mais de 70 pessoas de várias nacionalidades, que assistiam a final do Mundial 2010.

Esta realidade preocupante terá ofuscado, de certa maneira, o lema da presente cimeira, que é “A Saúde Materna- Infantil e da Criança, e o Desenvolvimento “, pelo menos nesta sessão de abertura. Este tema, proposto por Moçambique em 2008, em reconhecimento de quão a situação da mulher e da criança em África continua difícil, será objecto de acesos debates, ainda na tarde de hoje, em um painel cujo Presidente Armando Guebuza será um dos principais oradores.

Para além dos conflitos e terrorismo, os líderes centraram, igualmente, as suas atenções nas questões de carácter económico, particularmente na necessidade de imprimir uma dinâmica na mobilização de recursos e na implementação de outras iniciativas com vista a materialização do desafio de integração económica de África. Discursando na abertura, Yoweri Musseveni, Presidente do Uganda, país anfitrião da cimeira, lançou um forte aviso aos “terroristas” que vêm semeando luto e pânico na Somália e no Uganda, ao afirmar que acções enérgicas estão e continuarão a ser levadas a cabo para manter a paz e estabilidade. Disse ser inadmissível que um grupo de indivíduos esteja a protagonizar este tipo de actos contra as populações inocentes e as forças de Paz da União Africana.

Neste contexto, convidou aos líderes africanos a se juntarem a ele tomando uma acção global no combate ao terrorismo na região, em particular, e em África, em geral. “Quem são estes homens que se atrevem a atacar a bandeira da União Africana? Esta bandeira que está aqui hasteada. Quem são estes homens? Estes terroristas devem ser punidos vigorosamente”, afirmou.

O movimento islamita Al-Shabaab reivindicou os ataques bombistas de há duas semanas em Kampala, que se saldaram na morte de 70 civis. Antes desta cimeira, Musseveni disse que o Uganda está e continuará a agir contra os terroristas em legítima defesa. O Uganda e o Burundi integram a Forca da Paz da UA na Somália, cujo contingente se estima em cerca de 5.000 homens.

No que diz respeito a situação económica no continente, Musseveni lançou um apelo para um maior cometimento dos países africanos e dos parceiros para que providenciem os recursos necessários para a implementação dos vários projectos previstos, a luz da integração económica de África. A problemática do terrorismo foi retomada por todos quantos discursaram na sessão de abertura, incluindo o Presidente do México, Filipe Calderon, que participa no evento como convidado especial.

Calderon condenou a acção terrorista perpetrada no Uganda, bem como a crise que se vive na Somália, apelando aos intervenientes, a todos os níveis, no sentido de tudo fazerem para pôr termo a violência e manter a paz e estabilidade. Já antes de Calderon, o Presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping, recordou que 2010 foi adoptado como “Ano de Paz e Segurança em África”, sendo, por isso, necessário operacionalizar a Força Africana de paz, através das cinco regiões africanas.

Segundo ele, os últimos seis meses foram marcados por um aumento de esforços com vista a promoção da paz e segurança, de estabelecimento de um estado de direito e respeito pela ordem constitucional, esforço esse que urge prosseguir. Ping, tal como outros intervenientes, condenaram veemente a situação que se vive na Somália e outros conflitos no continente.

Enquanto isso, o enviado do Presidente norte-americano, Barack Obama, o Procurador – Geral dos EUA, Erick Holder Jr, manifestou a sua profunda consternação pelos atentados, considerando que, infelizmente, o Uganda e os EUA, não só estão ligados pelos laços de amizade e cooperação, mas também através da partilha de perdas humanas e ameaças terroristas. No ataque bombista havido em Kampala perderam a vida também alguns cidadãos americanos. Os Estados Unidos reconhecem que o fim das ameaças do movimento Al- Shabaab não será fácil sem uma acção envolvente, dai que “nós estamos a trabalhar com a União Africana para o apoio a Missão na Somália”.

Por sua vez, o Presidente em exercício da UA e Chefe de Estado malawiano, Bingu Wa Mutharika, considerou “preocupante” a situação na Somália, e apelou no sentido de se trabalhar para manter a paz e segurança não só naquele país como também em todos outros onde prevalecem conflitos. “Precisamos de mais iniciativas para o estabelecimento da paz e segurança na Somália”, disse Wa Mutharika.

O presidente da UA reconheceu, porém, a concretização de alguns progressos na resolução de conflitos em alguns países africanos, mas disse ser importante a união de esforços para que a pacificação do continente.

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