O Comité de Proteção dos Jornalistas (CPJ) exigiu segunda-feira das autoridades da província semiautónoma de Puntland, na Somália, a libertação “imediata” do jornalista Abdifatah Jama detido sábado último e condenado a seis anos de prisão devido a uma entrevista concedida ao líder rebelde islamita, Sheikh Mohamed Said Atom.
O organismo de defesa dos jornalistas sediado em Nova Iorque, nos Estados Unidos, declarou num comunicado que a ação judicial contra Jama, diretor- adjunto da rádio privada Horseed FM, viola os direitos elementares das normas de equidade. O CPJ cita um superior hierárquico do jornalista, Mahad Ahmed, que teria declarado que “o Tribunal pronunicou o seu veredito no dia seguinte à detenção, proibiu ao público o acesso e recusou-lhe as assistência dum advogado. Horseed projeta interpor recurso diante da decisão de Justiça”.
O CPJ exigiu das autoridades do Tribunal de Puntland a libertação de Jama enquanto se aguarda pelo recurso e a anulação do veredito de sábado. A Polícia desta província semiautónoma invadiu, sábado, a estação radiofónica na cidade portuária de Bossasso e deteve Jama e sete outros empregados. Os outros membros do pessoal foram libertados, mas apenas Jama foi inculpado e condenado no dia seguinte segundo a lei antiterrorista de Puntland.
A entrevista do líder rebelde Atom, que foi dirigida por um outro jornalista de Horseed, foi difundida sexta-feira. «As autoridades de Puntland tomam medidas enérgicas contra as coberturas independentes do conflito na sua localidade, e Abdifatah Jama foi preso injustamente nesta repressão”, indicou o consultor do CPJ para a África Oriental, Tom Rhodes.
Desde 2005, Sheikh Mohamed Said Atom controla uma pequena zona de Galgala, cerca de 45 quilómetros a sul de Bosssasso com uma milícia armada. Em Maio último, Atom declarou a zona sob o seu controlo; um Estado islâmico e uma escalada da violência seguiu-se entre as partes em conflito.
Na sexta-feira, no mesmo dia da entrevista concedida à Horseed Fm pelo líder da milícia, as forças de Atom atacaram as tropas de Puntland na província de Galgala e mataram cinco soldados.