Os rebeldes sírios lutavam contra as forças do governo, em Damasco, esta Segunda-feira, na batalha mais violenta da capital síria desde o início da revolta que já dura um ano contra o presidente Bashar al-Assad, disseram os activistas da oposição.
Os confrontos perto do centro da base de poder de Assad pareciam ser uma investida dos rebeldes, que foram forçados a sair de Homs e Idlib e ficaram sob ataque na cidade oriental de Deir al-Zor, Segunda-feira, para mostrar que ainda representam um sério desafio.
O combate começou depois da meia-noite no distrito de al-Mezze quando alguns rebeldes lançaram uma granada na casa dum general do Exército, disse Rami Abdulrahman, que dirige o grupo de oposição Observatório Sírio para Direitos Humanos, baseado na Grã-Bretanha.
Citando os moradores locais, ele contou que os atiradores, em seguida, refugiaram-se num edifício onde lutaram contra soldados, com tiros por todo o bairro.
A agência de notícias oficial da Síria, a Sana, disse que três rebeldes e um membro das forças de segurança morreram.
O confronto armado aconteceu apenas dois dias depois de duas explosões terem matado pelo menos 27 pessoas no coração da cidade, num sinal de que a capital pode estar lentamente a afundar ao caos.
“Esses confrontos foram os mais violentos e os mais próximos do quartel-general das forças de segurança em Damasco desde o início da revolução síria”, disse Abdulrahman.
Um vídeo mostrou os dois últimos andares dum bloco de apartamentos não identificado destruídos pelo fogo.
As suas paredes e escadas estavam com buracos de bala e estilhaços. Os relatos da Síria não podem ser verificados de forma independente porque as autoridades proibiram o acesso aos grupos de direitos humanos e jornalistas.
A recente onda de violência coincidiu com a chegada a Damasco duma equipe de cinco especialistas, mandados por Kofi Annan, o enviado especial da ONU e da Liga Árabe à Síria para discutir propostas de envio de monitores internacionais à Síria.
Uma equipe separada de especialistas das Nações Unidas e da Organização para a Cooperação Islâmica, liderada pelo governo sírio, também iniciou uma missão para avaliar as necessidades humanitárias, informou uma fonte próxima à missão, esta Segunda-feira.
O grupo deve visitar as áreas atingidas pelo levante, incluindo o centro da cidade de Homs, palco dum cerco de um mês de duração e do bombardeio militar em Fevereiro, e Deraa, onde a revolta contra Assad eclodiu, há um ano.
Força oriental
Assad está a lutar pela sobrevivência da sua dinastia familiar, que governa a Síria por mais de quatro décadas, e rejeitou os apelos de grande parte do Ocidente e do mundo árabe para renunciar.
As suas tropas lançaram acções repressivas nas últimas semanas, retomando boa parte do território perdido, mas a violência não diminuiu e os analistas alertam que a revolta poderia degenerar para uma guerra civil, colocando a seita minoritária alauíta, de Assad, contra os sunitas, que constituem 75 por cento da população de 23 milhões de pessoas.
Testemunhas disseram que as forças pró-Assad invadiram a cidade de Deir al-Zor, esta Segunda-feira, para tomar áreas anteriormente sob controle do Exército Livre da Síria, uma força de resistência levemente armada, liderada por desertores do Exército.
Pelo menos um civil morreu no ataque, disseram os moradores à Reuters. A Sana informou que 13 civis foram mortos a tiros por “terroristas” da oposição perto de Homs, a terceira maior cidade da Síria, Domingo, e que os rebeldes também tinham destruído uma ponte ferroviária que liga Damasco à região sul de Deraa.
