Os rebeldes sírios enfrentaram as forças leais ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, fora de Damasco, esta Quinta-feira (29), forçando o fecho da principal estrada para o aeroporto, e as companhias aéreas Emirates, de Dubai, e EgyptAir suspenderam voos para a capital síria.
A Internet e algumas linhas telefónicas caíram na Síria. Os rebeldes e o governo trocaram acusações por responsabilidade pelo blecaute, o pior a atingir a comunicação nos 20 meses de conflito.
Os rebeldes que lutam para derrubar Assad registaram ganhos nos arredores da Síria ao ocupar bases militares e têm intensificado os ataques a Damasco, sua base de poder.
Um combatente rebelde que se identificou como Abu Omar, membro da brigada Jund Allah, disse à Reuters que os insurgentes dispararam morteiros nas pistas do aeroporto e estavam a bloquear a estrada que liga o terminal à capital.
Ele disse que os insurgentes não estavam dentro do aeroporto, mas foram capazes de bloquear o seu acesso. O Ministério da Informação disse mais tarde que a estrada para o aeroporto estava liberada depois que as forças de segurança eliminaram os “terroristas”.
Os rebeldes disseram que os combates na área continuavam. O ministério disse que o aeroporto estava a operar regularmente, mas que não havia voos programados para pousar à noite.
As empresas aéreas já iniciaram o cancelamento de voos. A Emirates suspendeu os voos diários para Damasco “até uma nova ordem”. A EgyptAir também interrompeu todos os voos a Damasco devido à “deterioração da situação de segurança”.
Noutra parte da capital, os aviões de guerra bombardearam Kafr Souseh e Daraya, dois bairros que rodeiam o centro da cidade onde os rebeldes conseguiram esconder-se e emboscar unidades do Exército, relataram os activistas da oposição.
“Não são os últimos dias ainda”
As últimas duas semanas foram de ganhos militares dos rebeldes, que invadiram e tomaram bases militares em toda a Síria, expondo a perda de controle de Assad nas regiões do norte e do leste, apesar do poder aéreo devastador que ele tem usado para bombardear os redutos da oposição.
Um oficial sénior da União Europeia disse que Assad parecia de estar a preparar-se para um confronto militar nos arredores de Damasco, possivelmente, isolando a cidade com uma rede de postos de controle.
“Os rebeldes estão a ganhar terreno, mas ainda é bastante lento. Ainda não estamos a testemunhar os últimos dias”, disse um oficial sob condição de anonimato. “Nos arredores de Damasco, há morteiros e mais ataques. O regime está a pensar em proteger-se… com postos de controle nos próximos dias… Parece que o regime prepara-se para uma grande batalha em Damasco”.
No norte do país, as unidades rebeldes lançaram uma ofensiva para tomar uma base militar perto da estrada principal norte-sul, que lhes permitiria bloquear os movimentos de tropas e cortar a principal rota de fornecimento de Assad para Aleppo, a maior cidade da Síria.
Assad está a lutar contra uma insurgência que emergiu de protestos pacíficos há 20 meses e intensificou-se, após uma repressão, para uma guerra civil em que 40.000 pessoas foram mortas.
