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Com o pseudónimo “Mussumbuluku Nhuvu”: Narciso Matos partilha vivências da libertação de Moçambique

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O anfiteatro da Universidade Politécnica, em Maputo, foi palco, terça-feira, 6 de Agosto, do lançamento da segunda obra do escritor Narciso Matos, intitulada “Mishu 1952- 1975”, cujo autor adopta o pseudónimo “Mussumbuluku Nhuvu”, para narrar e partilhar as vivências e testemunhos da epopeia da libertação de Moçambique.

A obra faz uma discussão incandescente num campo de estudo de uma riqueza teórica inquestionável, onde se procura, entre outros aspectos, perceber os sujeitos problemáticos, completos e contraditórios emergentes da longa noite colonial, enquanto produtos de dois ou mais mundos. Na ocasião, Mussumbuluku Nhuvu começou por explicar que a razão do lançamento da obra é registar e partilhar com os filhos e netos, mas também com os jovens de idade e jovens de espírito páginas da nossa história, uma reflexão para compreender um tempo que ainda é vivo.

“Afinal era colonialismo, havia exclusão e negação do que somos. Havia exploração e humilhação, mas éramos felizes mesmo assim. Escrevi sobre um tempo misto, um tempo confuso, um tempo incompreendido, pelo menos para mim. Essa é a razão do Mishu, o resto, o que não está no livro, está nas histórias que todos temos que contar para sermos um povo com história, para sermos árvores com raízes fundas e fortes”, referiu Mussumbuluku Nhuvu.

Por sua vez, o académico e crítico literário Francisco Noa, ao apresentar a obra, disse que o mérito do Mishu reside na forma inteligente do autor ao recorrer ao pseudónimo, por lhe ter sido negado pelo sistema colonial, mas também ter evitado, ao longo da obra cair no fácil apelo à emoção e por ter sido extremamente cauteloso na revelação de qualquer forma de intimidade.

“Parece inegável que a memória é, eventualmente, o tema transversal das duas obras de Mussumbuluku Nhuvu (Ndangu Wa Txindi Na Mussumbuluku e Mishu) sem que se percam de vista os fundamentos, as distantes origens familiares, a infância, as vivências urbanas e suburbanas e o choque cultural. O colonialismo, com todos os seus mecanismos ao serviço da conquista e da submissão, tinha conseguido normalizar o que não deveria ser normalizável ao conduzir os próprios africanos, sobretudo os jovens, a um estado de alienação e cegueira estrutural em relação à precariedade do seu quotidiano e da realidade circundada, como se se tratasse da ordem natural das coisas”, realçou Francisco Noa.

Importa referir que o evento foi marcado pela presença de familiares do autor, para além de personalidades como a activista social Graça Machel, Tomaz Salomão, Castigo Langa, os académicos Lourenço do Rosário, Almiro Lobo, entre outros.

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