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Com 36 novas cadeias de transmissão da covid-19 Moçambique está na “transição da epidemia de casos esporádicos para transmissão comunitária”

Com 36 novas cadeias de transmissão da covid-19 Moçambique está na “transição da epidemia de casos esporádicos para transmissão comunitária”

Foto de Adérito CaldeiraSem incluir os dois novos focos diagnosticados neste domingo (17), Moçambique registou na semana epidemiológica de 10 a 16 de Maio mais 42 casos positivos e 36 novas cadeias de transmissão da covid-19 colocando o país perto do cenário mais dramático da doença que dilacera o planeta. “O nosso país está neste momento num processo de transição da epidemia de casos esporádicos para uma epidemia de transmissão comunitária” alertou o Director do Instituto Nacional de Saúde (INS) que acredita que “a janela de oportunidade para evitar a transmissão comunitária ainda existe mas esta janela não será permanente, é preciso intensificar o cumprimento das medidas de prevenção para evitar o pior”.

No 52º dia desde o diagnóstico do primeiro caso do novo coronavírus em Moçambique a pandemia parece ter explodido com a identificação de 36 novas cadeias de transmissão cuja fonte de infecção não foi ainda identificada, e apenas nas províncias da Zambézia, Nampula e Niassa não existem doentes. “O nosso país até a semana passada tinha uma epidemia que era baseada em casos esporádicos e agora a Organização Mundial da Saúde classifica Moçambique como tendo uma epidemia baseada em focos de transmissão”.

Instituto Nacional de Saúde

Fazendo a actualização da pandemia, neste domingo (17), o Dr. Ilesh Vinodrai Jani assinalou que também estão a mudar, para pior, os padrões de transmissão da covid-19 em África. “Agora temos muitos mais países no nosso continente a verificar transmissão comunitária, eram sete na semana passada e agora são 25 países do nosso continente que verificam transmissão comunitária. Nos países vizinhos a Moçambique já tínhamos a África do Sul mas agora passamos a ter a Zâmbia e a Tanzânia que apresentam também transmissão comunitária”.

O Dr. Jani assinalou que “na última semana encontramos 42 casos positivos, este é o maior número de casos numa semana epidemiológica desde o início da pandemia no nosso país (…) Começamos a ter crianças, duas abaixo dos 5 anos de idade, uma no grupo dos 5 aos 9 anos e também começa a aumentar o número de mulheres com casos positivos, isto porque até a semana passada a nossa epidemia era dominada muito pelos casos nos acampamentos de Afungi (onde trabalham maioritariamente homens) mas agora começamos a verificar cadeias de transmissão fora”.

Instituto Nacional de Saúde

“Na semana epidemiológica que terminou a 16 de Maio verificamos 36 cadeias de transmissão diferentes, contra duas cadeias de transmissão na semana anterior, portanto um aumento substancial de cadeias de transmissão”, alertou o Director do INS que, analisando os dados epidemiológicos, mostrou a sua preocupação o agravamento das cadeias de transmissão detectadas na vigilância activa nas unidades sanitária que passaram de uma para 24, em apenas 1 semana, enquanto os casos importados passou de 9 para somente 11.

Instituto Nacional de Saúde

Próxima evolução será para epidemia com transmissão comunitária com alastramento para perfil demográfico mais vulnerável e casos clínicos

Ressalvando “que várias destas cadeias de transmissão estão neste momento em investigação, portanto neste momento é possível que depois descubramos que são a mesma cadeia de transmissão” o Dr. Ilesh Jani enfatizou “ao que tudo indica que há um aumento dramático de cadeias de transmissão ao longo desta última semana epidemiológica”.

Foto de Adérito CaldeiraCauteloso se a Saúde já está incapaz de relacionar os casos confirmados através de cadeias de transmissão, afinal a decisão depende dos políticos, o Director do Instituto Nacional de Saúde declarou que: “Moçambique transitou da fase de epidemia com casos esporádicos para epidemia com focos de transmissão, a próxima evolução seria epidemia com transmissão comunitária”, cenário onde para além do aumento de casos positivos poderá ser acompanhado pelo alastramento para um perfil demográfico mais vulnerável que o actual e com casos clínicos que comecem a necessitar de internamento hospitalar.

Diante da insistência do @Verdade o Dr. Ilesh Jani admitiu que “claramente o nosso país está neste momento num processo de transição da epidemia de casos esporádicos para uma epidemia de transmissão comunitária”.

Contudo o responsável pelos epidemiologistas moçambicanos acredita que “a janela de oportunidade para evitar a transmissão comunitária ainda existe mas esta janela não será permanente, é preciso intensificar o cumprimento das medidas de prevenção para evitar o pior. Esta acção depende da sociedade como um todo”.

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