Cinco civis foram mortos e milhares saíram em busca de refúgio na disputada região da Caxemira, esta quarta-feira (8), depois de alguns dos mais intensos combates em uma década entre os vizinhos Índia e Paquistão, ambos potências nucleares.
Um total de nove civis paquistaneses e oito indianos já foram mortos desde que os confrontos começaram há mais de uma semana na região do Himalaia de maioria muçulmana. A Caxemira é reivindicada por ambos países e tem sido um grande foco de tensão no sul da Ásia.
Cada lado acusa o outro de ter civis como alvo e de cometer violações numa trégua de fronteira que se mantém desde 2003. Embora as trocas esporádicas de fogo sejam na fronteira de facto que divide a região, as mortes de civis são raras.
Três civis paquistaneses e dois indianos foram mortos na quarta-feira. “Estamos todos preocupados e queremos uma solução rápida para isso (os confrontos)”, disse o chefe da Força Aérea indiana, Arup Raha, a repórteres.
“Não queremos deixar essa questão ficar séria.” Um oficial de segurança de fronteira disse que as forças indianas haviam retaliado ataques com metralhadores e morteiros sobre cerca de 60 posições que percorrem mais de 200 quilómetros na fronteira.
Cerca de 18 mil civis indianos deixaram as suas casas nas terras baixas ao redor de Jammu devido ao confronto, e abrigaram-se nas escolas e nos acampamentos de refugiados
“Se as tropas da Índia e do Paquistão forem hostis, deixe-as lutarem. O que nós fizemos para eles?”, disse Gharo Devi, de 50 anos, em Arnia, onde cinco civis foram mortos na segunda-feira.
“Deixamos as nossas casas na calada da noite e estamos a viver numa escola, em condições difíceis. Não temos comida. Queremos o fim dos disparos para que possamos retornar às nossas casas.”
O general paquistanês Khan Tahir Javed Khan disse que o número de salvas de morteiro e balas disparadas cresceu nas últimas semanas. “É o mais intenso em décadas”, disse Khan sobre o confronto.
“A minha mensagem para eles seria que por favor retrocedam (na escalada da situação).” O confronto acontece numa época de mudanças nas dinâmicas de poder no sul da Ásia, com o Exército do Paquistão a assumir um papel mais assertivo na política e o novo primeiro-ministro nacionalista da Índia, Narendra Modi, a prometer uma política externa mais firme.