Não só sacudir a poeira das ‘Gingas.
A Associação de Ciclismo propriamente dita já há muito que não existe. Em tempos, alguns entusiastas foram mantendo ao longo dos anos a “chama” desse desporto que não é nada barato. O saudoso “carola” Horácio Sucena chamava a si a movimentação da modalidade, pois apesar de pertencer ao Departamento de Ciclismo do Ferroviário, aos fins-de-semana, manhã cedo, era vê-lo a organizar provas, estimulando ciclistas de outras colecti vidades, chegando ao ponto de lhes “emprestar” bicicletas para competirem “contra” os seus pupilos.
Depois, dava a parti da, verificava o Prémio da Montanha e acelerava a sua motorizada até à meta, para controlar a chegada. Recolhia os resultados, compilava-os e fazia-os chegar às redacções para publicitação. Ele era, sem favor, o “pai do Ciclismo”.
Pois o Horácio Sucena faleceu há uma década e com ele esmoreceu o entusiasmo pelo desporto do pedal. Algumas tentativas levadas a cabo por alguns dos seus pupilos – de onde se salienta a acção do seu filho Francisco – tiveram uma duração efémera.
Festa Colorida
Hoje, não se pode dizer que haja ciclismo em Moçambique. Do principal clube outrora a apostar nesta modalidade, o Ferroviário, resta um letreiro na porta do Departamento, algumas “gingas” envelhecidas e peças a simbolizarem a modalidade que ali se desenvolveu.
Homenagem, porém, seja feita a alguns entusiastas, que se reúnem nalgumas manhãs para um passeio colecti vo em cima das “gingas”, em regra até à Namaacha.
Pensar em reactivar a modalidade para competi r nos Jogos Africanos não parece viável, sobretudo se o espírito for o de ascender ao pódio. Talvez se possa, isso sim, “sacudir a poeira” e integrar, a nível recreati vo, alguns dos “passeantes” imbuídos no propósito de recolher novas experiências e retemperar os ânimos.
Não há conhecimento de países africanos com grande nível nesta modalidade, prati – cada mairotariamente na chamada África Branca. Nem mesmo está garanti da a sua inclusão na lista fi nal das modalidades nos Jogos.
Todavia, se recebermos, como se espera, a “nata” do ciclismo africano, as estradas das cidades de Maputo e Matola vão ganhar um invulgar colorido nos dias das provas.