O continente africano vai continuar a acolher investimentos no sector de petróleo e gás, nos próximos três a cinco anos, uma vez que a estabilização dos preços do petróleo, em acima de 60 dólares o barril, e a população em rápido crescimento no continente, atraem grandes produtores independentes do petróleo para uma das últimas fronteiras de investimento em energia do mundo.
Uma série de projectos de exploração bem sucedidos, na última década, fez crescer o número de países africanos, com reservas provadas do petróleo e gás, para 28, graças à novas descobertas no Gana, Níger, Moçambique, Uganda, Quénia, Senegal, Mauritânia e África do Sul.
Segundo o administrador delegado do Standard Bank, Chuma Nwokocha, o investimento necessário para implementar projectos nesses países dará um novo ímpeto ao consumo do petróleo no continente africano, que com um nível de 4 milhões de barris por dia já excede, significativamente, o nível de 2,1 milhões de barris diários de produção.
“Uma população em rápido crescimento, a rápida urbanização e o crescimento económico acelerado estão a criar uma lacuna entre a demanda do gás, produtos petrolíferos e a sua capacidade de fornecimento, que vai aumentar gradualmente ao longo do tempo”, sustentou Chuma Nwokocha.
“Isso servirá para atrair mais investimentos de grandes produtores independentes de petróleo, o que por si só exercerá mais pressão na demanda, já que o investimento resultante em infraestruturas de refinarias, estradas, condutas e habitação impulsiona o consumo de energia”, frisou.
O sector do petróleo e gás do continente africano está uma vez mais a atrair investimentos de empresas de exploração e refinaria, após uma pausa prolongada provocada por uma queda nos preços do petróleo, que caiu para menos de 30 dólares o barril, no início de 2016.
Uma melhoria nos preços do petróleo, conforme indicou o administrador delegado do Standard Bank, deve chegar a uma média entre 60 e 70 dólares o barril, nos próximos três a cinco anos, atraindo mais interesse no continente, que está a registar um aumento populacional que provavelmente levará ao aumento duplicado da população para 2,5 biliões por ano até 2050, de acordo com as projecções da Organização das Nacões Unidas (ONU).
A mais recente edição do BP Energy Outlook indica que o continente africano representará 6% da demanda global de energia até 2040. Em 2018, a Agência Internacional de Energia (AIE) indicou que a demanda global de energia aumentaria em mais de 24% até 2040, sendo assim necessário mais de 2 mil milhões de dólares, por ano, em investimento para trazer novos projectos de fornecimento de energia.
Dado o contínuo crescimento da população africana e o crescimento económico, é provável que uma parte desse investimento seja direccionada para o mercado de energia relativamente inexplorado do continente.
“Toda essa actividade de investimento, por sua vez, estimulará a demanda por empréstimos, estruturação de negócios e capacidade de transação em todo o continente”, disse Chuma Nwokocha, acrescentando que “instituições com profundo conhecimento do continente podem beneficiar-se dessas iniciativas”. Importa realçar que o Standard Bank é um dos maiores financiadores de projectos no sector de petróleo e gás na África Subsaariana, devido à sua presença em 20 países em todo o continente.
A Banca Corporativa e de Investimentos tem profundo conhecimento no sector de recursos naturais do continente africano, onde acumulou um histórico invejável em todo o espectro da cadeia de valor de mineração, petróleo e gás. Essas capacidades abrangem desde serviços bancários de investimento e serviços de consultoria a comércio de divisas e commodities, bem como a provisão de capital de giro, gestão de caixa e soluções de forex.
Em Moçambique, o banco investiu aproximadamente 8 biliões de dólares norte-americanos na construção da Plataforma Flutuante de Gás Natural Liquefeito (FLNG), em Palma, na província de Cabo Delegado, marcando o primeiro passo do país como produtor e fornecedor regional e global de gás natural.
Muito recentemente, o Standard Bank apresentou os resultados do estudo macroeconómico independente, que desenvolveu, sobre o potencial da Área 4 do projecto de Gás Natural Liquefeito (GNL), com um potencial de 15.2 milhões de toneladas, por ano (MTPA). Anteriormente, o banco realizou, para a Anadarko, um estudo macroeconómico sobre o impacto do projecto de GNL, na Área 1, que representa a bandeira de um dos maiores projectos do continente, que ajudou a avançar na compreensão dos projectos de GNL.
“A nossa equipa tem um vasto conhecimento e actuamos como principal coordenador, bookrunner, agente de garantias e linhas de crédito, e banco onshore para vários intervenientes internacionais do sector”, concluiu Chuma Nwokocha.