O antigo chefe do estado moçambicano, Joaquim Chissano, considera de descabida a pretensão do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, de querer deslocar o Presidente da República, Armando Guebuza, para com ele dialogar em Gorongosa, província central de Sofala, local onde se encontra aquartelado nos últimos tempos.
Chissano manifestou esta posição, Segunda-feira(19), em Maputo, depois de ter mantido um encontro com o ex-Presidente do Brasil, Luís da Silva, que se encontra de visita de três dias a Moçambique.
“A atitude sensata seria o senhor Dhlakama pedir uma audiência com o Presidente da República, ir ao gabinete do Presidente da República, sentar-se e conversar, como fez comigo muitas vezes no passado. Essa é a atitude mais sensata, e dizer o que quer. Qual é a autoridade que o líder da Renamo tem para convocar um Chefe do Estado para ir ter com ele? Ele não é um Deus?”, sublinhou Chissano, em declarações à edição da Terça-feira do jornal “O País”.
No seu entender, em nenhum país os actores políticos fazem o tipo de exigências que Afonso Dhlakama está a fazer sob pretexto de democracia.
“Não conheço essa modalidade de um partido político que quer dialogar com o Governo, exija que o Governo vá ao seu encontro num Distrito. Não conheço isto de nenhum país do mundo onde um partido político vai para um recanto do país e depois convida o Governo para lá e, sobretudo, convida o Presidente da República. Ou reconhece que é Chefe do Estado ou não reconhece”, sublinhou o ex-estadista.
No seu entender, o Governo não pode negligenciar as necessidades da sociedade para atender um único partido.
“Eu penso que é uma decisão descabida. Se é um partido que quer encontrar soluções de problemas no país, é bom que discuta com outros partidos e, em primeiro lugar, com o partido que está no poder. Eu não sou contra uma discussão com o Presidente da República em aspectos que podem ser do interesse também do Governo.
Mas é importante que os partidos políticos discutissem. Agora, não vai o Governo negligenciar o resto da sociedade, porque a democracia não é só um partido político e muito menos de um partido político da oposição que quer impor a sua vontade e essa vontade tornar-se a vontade do povo.
Há fóruns próprios para a discussão de assuntos de Estado, mas nada impede que o partido Renamo vá apresentar-se a uma entidade como o Presidente da República e exponha os seus problemas. Quando a Renamo convida o Presidente da República a ir a um lugar que só é conhecido pela própria Renamo, isso torna-se descabido”, frisou Chissano.
