Uma corte condenou um dos mais importantes defensores de direitos civis da China a quatro anos de prisão, este domingo (26), depois de ele ter feito campanha para que as crianças de áreas rurais fossem educadas nas cidades e para que os membros do governo divulgassem os valores das suas posses.
A prisão de Xu Zhiyong enviará uma forte alerta para activistas de que o Partido Comunista chinês irá atropelar qualquer desafio a seu poder, especialmente daqueles que procurarem organizar campanhas. Também diminui esperanças de uma mudança política significativa, mesmo com a China tentando emplacar reformas económicas.
Paralelamente, um dos dissidentes mais importantes da China, Hu Jia, que frequentemente acusa autoridades de infracções a liberdades civis, disse que a polícia convocou-o por causa de “suspeitas de causar distúrbios”. A Primeira Corte Intermediária do Povo de Pequim condenou Xu por “reunir uma multidão para perturbar a ordem pública”, disse a corte no seu microblog.
Xu foi julgado na quarta-feira. O advogado de Xu, Zhang Qingfang, disse que se encontraria com ele nos próximos dois dias para determinar haverá apelação. “Ele disse (no tribunal) que o resto da dignidade do sistema legal chinês foi destruído”, disse Zhang. “Não que não podemos aceitar esse resultado, mas, fundamentalmente, o veredicto é ilegal, desproporcional e injusto”.
Os Estados Unidos conderam a decisão. “As autoridades chinesas deveriam soltar Xu e outros prisioneiros políticos imediatamente e cumprir os seus compromissos internacionais com os direitos humanos”, disse a conselheira de segurança nacional do presidente Barack Obama, Susan Rice, pelo Twitter. Ela disse que estava “muito decepcionada” pela sentença de Xu.
Houve cenas caóticas no lado de fora do tribunal com a polícia agredindo repórteres estrangeiros. Zhang foi levado numa van pela polícia depois do julgamento. Ele disse que a polícia continuou a segui-lo.
Julgamentos mediáticos
Hu, o dissidente, disse que estava preparado para enfrentar detenção. “participei de muitos protestos nas ruas”, disse Hu para a Reuters, por telefone, enquanto um policial aguardava no lado de fora da sua casa para levá-lo. “Pedi que membros do governo divulgassem publicamente suas posses e expressei solidariedade àqueles que foram presos.
Fiz um apelo para que muitas pessoas assistissem aos protestos e ajudassem a promovê-los.” Hu foi preso em 2008 por três anos e meio sob acusações de subversão por criticar restrições aos direitos humanos. Alguns de seus colegas o viam como um potencial vencedor do Prémio Nobel da Paz, antes de ele ser entregue a outro dissidente chinês, Liu Xiaobo, em 2010.
A China prendeu pelo menos 20 activistas envolvidos em protestos para que os membros do governo divulguem as suas posses, apesar de nem todos eles serem do Movimento Novos Cidadãos.