O director do Greenpeace ofereceu-se, esta quarta-feira (9), para ir viver na Rússia e colocar-se como garantia para viabilizar a libertação sob fiança das 30 pessoas detidas e acusadas de pirataria pelas autoridades russas depois de protestarem contra a exploração de petróleo no Árctico.
A oferta foi feita por meio de uma carta, escrita por Kumi Naidoo ao presidente russo, Vladimir Putin, vista pela Reuters e enviada, esta quarta-feira, em seguida à uma decisão judicial de negar fiança a três dos detidos.
“Ofereço a mim mesmo como garantidor da boa conduta dos activistas do Greenpeace, caso sejam libertados sob fiança”, escreveu Naidoo na carta, na qual ele se ofereceu para “mudar a sua vida para a Rússia enquanto durar o caso”. Ele acrescentou que nem ele nem os activistas se consideram acima da lei, e solicitou uma reunião urgente com Putin.
Os detidos – 28 activistas do Greenpeace, incluindo a brasileira Ana Paula Alminhana Maciel, e dois jornalistas freelancers – foram detidos na cidade portuária de Murmansk, norte da Rússia, desde que as autoridades os prenderam quando abordavam a plataforma de petróleo da empresa russa Gazprom.
Naidoo, que foi preso várias vezes pela sua actuação na luta contra o apartheid na África do Sul nos anos 1970 e 1980, disse que está preparado para “compartilhar o destino” dos activistas do Greenpeace. Eles podem pegar até 15 anos de prisão se forem condenados.
“Não espero compartilhar o destino, mas é um risco que estou disposto a correr”, disse ele, acrescentando que as “acções pacíficas de protesto” não podem ser consideradas pirataria. “Você… sabe que ao serem acusados de pirataria eles estão a ser imputados com um crime que não aconteceu”, disse ele a Putin na carta.
A Holanda deu início a procedimentos legais contra a Rússia na sexta-feira, alegando que a ilegalidade da detenção dos activistas a bordo do navio Arctic Sunrise, de bandeira holandesa.