A principal autoridade do petróleo da Líbia tornou-se a mais recente figura política importante a desertar no regime de Muammar khadafi, reclamando da “insuportável” violência e dando impulso político para uma revolta contra o controle do líder no país.
Entretanto, na cidade de Benghazi, controlada pelos rebeldes, uma explosão destruiu carros do lado de fora do hotel Tibesti, um prédio que foi usado para coletivas de imprensa dos rebeldes que buscam derrubar Khadafi. Uma pessoa ficou ferida, segundo a polícia.
A deserção do chefe da Corporação Nacional de Petróleo Shokri Ghanem, que é também um ex-primeiro-ministro, aconteceu dois dias depois da deserção de oito oficiais do Exército, incluindo cinco generais. Antes disso, semanas atrás, diplomatas e antigos ministros seguiram o mesmo caminho. “Eu deixei o país e decidi também abandonar o meu emprego para me juntar à juventude da Líbia na busca de criar um Estado moderno e constitucional que respeita os direitos humanos e na construção de um futuro melhor para todos os líbios”, ele disse.
Falando numa coletiva de imprensa em Roma organizada pelo embaixador da Líbia, que também desertou, Ghanem disse que abandonou o seu trabalho por conta da “insuportável” violência na Líbia. “Eu venho trabalhando na Líbia por tanto tempo acreditando que nós podemos fazer várias reformas por dentro. Infelizmente, isso não é mais possível, especialmente agora quando nós vemos sangue a jorrar todos os dias na Líbia. Os nossos melhores jovens e os nossos melhores homens estão a ser mortos.”
Ghanem, que é uma das figuras políticas mais importantes a desertar, disse que ainda vê alguma possibilidade para que um acordo pacífico sele o destino do regime de 41 anos de Khadafi. Mas acrescentou que a última vez que viu Khaddafi foi “meses atrás”. Ghanem, que tinha paradeiro desconhecido por vários dias, também disse que a produção de petróleo na Líbia está próxima da parar por conta do embargo internacional.
No seu quarto mês, o conflito líbio está em um impasse, com os rebeldes incapazes de sair das suas bases e avançar rumo à Trípoli, onde Gaddafi está fortemente entrincheirado. Os rebeldes controlam o leste da Líbia ao redor da cidade de Benghazi, a terceira maior cidade Misrata e as montanhas que vão da cidade de Zintan, 150 km ao sul de Trípoli, até a fronteira com a Tunísia.
A NATO disse esta quarta-feira que estendeu a sua missão na Líbia por mais 90 dias, depois que Gaddafi deixou claro que não iria renunciar, diminuindo as esperanças de um final pacífico para o conflito.