Um elevado número de doentes no posto administrativo de Changalane, no distrito fronteiriço de Namaacha, província de Maputo, sul de Moçambique, recusa-se a fazer o teste de HIV/SIDA, alegadamente porque já se consideram mortos.
Estas informações foram reveladas hoje, em Changalane, por Rosa Mucavele, enfermeira da Associação Moçambicana para o Desenvolvimento da Família (AMODEFA), que trabalha naquela região.
A falta de colaboração das pessoas dificulta sobremaneira a administração do Tratamento Anti-retroviral (ARVs) aos doentes de SIDA para que possam continuar a viver positivamente.
“Com relação ao teste do HIV/SIDA, as pessoas dizem que já estão mortas e, por isso, não aceitam fazer o teste, mesmo quando recomendado pelo enfermeiro” revelou. Mucavele considera complicado trabalhar com as populações de Changalane na prevenção de outras doenças como a cólera, malária, entre outras, porque as pessoas oferecem resistência e recusam-se a cumprir com as recomendações dos técnicos da saúde.
“E’ complicado trabalhar com as populações no tratamento de várias doenças. Por exemplo, quando falamos do tratamento da água para evitar que apanhem a cólera, as pessoas dizem que cresceram a beber a água assim (não tratada ou fervida), razão pela qual não podem e nem estão preparadas para mudar” disse.
“Algumas pessoas que têm o vírus do SIDA, e estão a par da sua condição, têm o pensamento de passar o vírus aos outros para não morrerem sozinhas” lamentou. Moçambique é um dos países da Africa Sub-sahariana e do mundo com elevado índice de prevalência do HIV/ SIDA.