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Chanceler sai e abre crise para a primeira-ministra da Austrália

O chanceler da Austrália, Kevin Rudd, renunciou, Quarta-feira, dizendo que não pode mais trabalhar com a primeira-ministra Julia Gillard, e abriu uma nova e acirrada crise no governo minoritário por ela comandado.

Gillard destronou Rudd da liderança do Partido Trabalhista em 2010, e desde então ambos mantêm uma disputa de poder que marcou o partido e fez com que a popularidade do governo baixasse.

Fontes partidárias disseram que, embora Rudd seja mais popular junto ao eleitorado, Gillard tem mais apoio entre os trabalhistas, e por isso deve ser facilmente reconduzida à liderança partidária, numa votação que pode acontecer já próxima semana.

Há poucas diferenças políticas entre os dois dirigentes, mas a disputa, chamada por Rudd de “novela”, ameaça levar às eleições antecipadas e à derrota da agenda económica trabalhista, que inclui importantes leis sobre mineração e mudança climática.

Vários ministros nos últimos dias vinham aconselhando Gillard a demitir Rudd devido à crescente animosidade entre ambos.

“A simples verdade é que não posso continuar a servir como ministro de Relações Exteriores se não tenho o apoio da primeira-ministra Gillard”, disse Rudd numa conferência de imprensa, em Washington. “O único caminho honroso para mim é renunciar.”

Os apoiantes de Rudd acreditam que só ele seria capaz de conter a fuga do eleitorado na direcção do líder de oposição Tony Abbott e da sua coligação conservadora, que tem uma sólida liderança nas pesquisas.

Mas a ascensão de Rudd à liderança pode afastar do governo os parlamentares independentes, que dão ao minoritário governo trabalhista a sua maioria de apenas uma cadeira no Parlamento.

“Estou frustrada pelo facto de as preocupações que o sr. Rudd expressou publicamente, esta noite, nunca terem sido abordadas pessoalmente comigo, e que ele tampouco tenha me contactado para discutir a sua renúncia antes da sua decisão”, disse Gillard num breve comunicado.

Os analistas dizem que uma mudança na liderança causaria mudanças no governo, incluindo, potencialmente, nas pastas do Tesouro e Defesa, mas teria pouco impacto sobre as políticas públicas ou sobre o resultado das próximas eleições.

“Se Rudd concorresse à liderança, acho que, certamente, encaminharíamos para eleições em 2012”, disse à Reuters o analista político Norman Abjorensen, da Universidade Política Nacional Australiana.

“Um governo Rudd seria muito diferente de um governo Gillard, e presumivelmente seria bastante efémero.”

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