O Ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Carlos Mesquita, defendeu, terça-feira, 22 de Março, na cidade de Maputo, a necessidade de conjugação de esforços aa busca de soluções para os problemas de abastecimento de água no País, onde o acesso a este precioso líquido por parte da população continua a ser um dos maiores desafios.
Para Carlos Mesquita, que falava na cerimónia de celebração do Dia Mundial da Água, comemorado sob o lema “Água Subterrânea – Tornando-a num recurso hídrico visível e sustentável”, o problema de acesso à água é transversal, e a solução não depende única e exclusivamente do Governo, sendo, por isso, imprescindível o envolvimento de mais intervenientes, nomeadamente o sector privado e/ou produtivo, sociedade civil, entre outros, para a sua solução: “O Governo já tem o seu papel bem claro, que é de definir políticas, normas e monitorar a sua aplicação. O sector privado e/ou produtivo tem a nobre missão de, em coordenação com o Governo, produzir resultados que tenham um impacto imediato na população”, considerou.
Dados apresentados por Carlos Mesquita indicam que, em Moçambique, cerca de 66% da população não tem uma fonte segura de água, sendo que nas cidades e nas zonas rurais somente 83% e 53% da população é que tem acesso ao precioso líquido, respectivamente.
Segundo o governante, os níveis de acesso à água poderiam ser maiores, tendo em conta que têm sido abertos cerca de 1000 furos por ano, mas estes apresentam uma disponibilidade limitada, na maior parte dos casos “devido à sua fraca produtividade e baixa qualidade como resultado da poluição provocada pelo excesso de uso de insumos agrícolas, assentamentos desordenados e variedade ambiental traduzida pelo efeito da seca aliada às mudanças climáticas”.
Na ocasião, a embaixadora do Reino dos Países Baixos em Moçambique, Henny De Vries, que falava em nome dos parceiros de cooperação do sector de água, mostrou-se preocupada com o que considera de perfuração desordenada de furos de água, que muitas vezes é feita sem seguir as regras básicas de planeamento e de profundidades, o que tem elevado o potencial de degradação da qualidade das águas subterrâneas.
“Em muitas zonas urbanas de Moçambique, as águas subterrâneas são uma importante fonte de abastecimento para todos os usos. Por isso, a sua gestão deve ser feita de forma integrada, tendo em conta a baixa precipitação que o País tem registado em algumas regiões, e pelo facto de Moçambique se localizar na zona intertropical, cujo clima dominante é tropical húmido, árido e seco. Em cidades como Pemba, Tete, Quelimane e Vilankulo faltam sistemas de saneamento seguros, e as infraestruturas de abastecimento de água não são suficientes para o efeito, daí que a conservação e gestão da água subterrânea deverão ser mais importantes hoje e no futuro”, sublinhou.
Importa realçar que as celebrações do Dia Mundial de Água tiveram como lema “Água Subterrânea – Tornando-a um Recurso Hídrico Visível e Sustentável”, como forma de chamar à atenção para a necessidade do uso dos recursos hídricos subterrâneos de forma sustentável. As Nações Unidas estimam que cerca de 3 biliões de pessoas, aproximadamente 40% da população mundial, não têm acesso à água potável.