O Ministério da Saúde (MISAU) estima em um por cento dos cerca de 22 milhões de moçambicanos que sofrem de cegueira no país, cujas causas maiores na ordem de 75 por cento são doenças curáveis e preveníveis, com a catarata a assumir maior peso.
Yolanda Zambujo, chefe do Programa Nacional de Oftalmologia, que falava na 5ª Reunião Nacional de Oftalmologia que junta, desde Segunda-feira, em Maputo, médicos, técnicos e parceiros idos do exterior para fazer o balanço da situação e traçar uma estratégia e um plano de acção para o futuro, disse que o esforço visando inverter a situação reside na formação.
Para o efeito, um universo de 61 técnicos de oftalmologia, divididos em duas turmas, estão a ser formados, bem como oito médicos, devendo a formação durar 18 meses, enquanto para os médicos leva quatro anos.
“Estamos a fazer um esforço na área de formação e conseguimos colocar um médico em cada província com a excepção de Maputo e Gaza, mas elas, à semelhança das outras do país têm pelo menos quatro técnicos”, afirmou Zambujo, reconhecendo que o número está ainda aquém do ideal.
A fonte apontou, a título de exemplo, que 75 por cento das causas da cegueira são evitáveis destacando a catarata como a doença de maior peso e responsável por cerca de metade dos casos de cegueira no país.
Zambujo disse que seria uma acção de impacto muito grande se o país conseguisse aumentar o número de cirurgias e as preveníveis, sobretudo as infecções oculares, entre elas a tracoma, as úlceras de córnea e doenças relacionadas com as deficiências nutricionais.
A vice-Ministra da Saúde, Nazira Abdula, que presidiu a sessão de abertura do encontro que decorre sob o lema “Visão 2020: Visão para Todos”, disse que o governo assumiu o compromisso de desenvolver no país a estratégia de Visão 2020, iniciativa cujo objectivo é eliminar a cegueira até ao ano 2020.
Entre os objectivos da estratégia, destaca-se a necessidade de desenvolver, no país, acções tendentes a contribuir para a eliminação de casos de cegueira evitável, tal como a tracoma, deficiência da vitamina “A” e a conjuntivite gonocócica, e intervir para a restauração da visão nos casos de cegueira curável.
“Esperamos e pretendemos com esta reunião ampliar a nossa actuação desenhando um plano claro, preciso e exequível que nos permita melhorar o estado de saúde ocular e dar a todos os moçambicanos um dos seus mais nobres direitos, o direito a visão”, sublinhou a governante.
A nível dos órgãos centrais, segundo Abdula, continuar-se-á a manter o compromisso de tudo fazer no sentido de congregar esforços para criar as condições conducentes dos objectivos consagrados no plano estratégico.