As autoridades, em Manica, estão apreensivas com a crescente redução do caudal da água na albufeira de Chicamba, um dos maiores lagos artificiais do país onde encontra-se implantada a segunda maior hidroeléctrica de Moçambique, a Hidroeléctrica de Chicamba, empreendimento pertencente à empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM).
A falta de chuvas é apontada como uma das principais causas do fenómeno que já provocou a redução, até 20 metros de altura, do nível de água na albufeira.
Com efeito, segundo soube o “Noticias”, grande parte dos elementos que compõem a estrutura física da barragem, que antes estiveram submersos por longo tempo, encontra-se já a descoberto devido ao problema.
Caso não chova, segundo os gestores do empreendimento, desenha-se um futuro sombrio e dramático na Hidroeléctrica de Chicamba, uma infra-estrutura que tem a água como a sua única fonte de geração de energia eléctrica.
Entre outras medidas visando reverter o cenário, as entidades gestoras do empreendimento afirmam estar em curso iniciativas visando a redução do consumo de água, para permitir que esteja assegurada a disponibilidade daquele recurso natural aos níveis desejados e tecnicamente aconselháveis.
O engenheiro Sérgio Sacama, director da barragem, vincou, contudo, que a situação não é ainda alarmante, embora a governadora de Manica, Ana Comoane, que recentemente visitou o empreendimento, tenha considerado o facto como preocupante.
Referiu-se à questão actual como consequência das mudanças climáticas e disse que a redução do nível do caudal do rio Révuè, principal fonte de alimentação da hidroeléctrica, não pode ser encarada de ânimo leve.
Tanto como outros vários cursos naturais de água, o rio Révuè baixou de caudal como consequência directa de falta de chuvas naquele ponto do país, daí a governadora ter afirmado serem necessárias mais precipitações, situação que, entretanto, não depende da vontade humana.
“Precisa-se de chuvas para que a capacidade da barragem volte a ser ideal” – disse a governadora Ana Comoane.
A barragem possui alta capacidade de encaixe, mas a falta de precipitação, nos últimos anos, deixou-a sem água que esteja à sua altura e algumas da comportas de descarga já estão a descoberto.
A Hidroeléctrica de Chicamba garante o fornecimento da energia eléctrica às cidades centrais de Chimoio e da Beira, esta última a segunda maior urbe do país.