Rabisco esta carta para retratar o sofrimento deste povo que diariamente tem de enfrentar a árdua tarefa de “subir chapa”, pois das diversas dificuldades que ele tem passado, creio que esta tem sido um “calcanhar de Aquiles”.
Na verdade, a primeira dificuldade encontra-se em achar os tais “chapas” a tempo e hora nas respectivas paragens. Sarcasticamente, em muitos casos, não é por falta de “chapas”.
Estes existem até em número admissível. O problema é que os “chapeiros”, nas primeiras e últimas horas do dia, andam demasiado atarefados a tentarem provar a todo mundo que eles são ignorantes e que são donos do Universo. Tudo isso deve-se ao facto de passarem a maior parte do tempo com as viaturas. Porém, estes meios, na sua maioria, não lhes pertencem.
Estranho! Vocês (chapeiros) acham que são nossos patrões, mas é o oposto, nós somos o vosso patrão. Se nós não “subirmos” o “chapa”, vocês não trabalham e sem trabalhar não terão dinheiro, que é o que mais lhes interessa. Então, qual é a dificuldade de vocês se fazerem presentes em todas as paragens, sobretudo nas terminais, que são cruciais?
A segunda dificuldade resulta da primeira, que é o obstáculo de entrar no próprio “chapa”. Quiçá, essa culpa não seja imputada somente aos “chapeiros”. É necessário que os passageiros também pautem por uma conduta condescende e de respeito mútuo, e respeitar-se a regra geral da “Teoria das Filas” (FIFO). Deixe o primeiro da fila entrar sem constrangimentos (socos, empurrões, …). Mas, a terceira dificuldade é a que realmente me fez rabiscar esta carta: o encurtamento e ou o desvio de rotas. Sim, isso mesmo!
Lembro-me como se fosse ontem que o Governo aumentou o preço de “chapas” e, associado a isso, a população manifestou-se na tentativa de inverter o cenário. Porém, foi o mesmo que chorar sobre o leite derramado, pois a decisão era irreversível. Foi então que, devido a essa pressão do povo que os “chapeiros” “juraram” nunca encurtar ou desviar a rota e as autoridades prometeram tomar medidas drásticas caso tal acontecesse.
Entretanto, o cenário que se vive na prática é totalmente diferente; no final de cada dia os “chapeiros” não chegam ao destino alegando fundamentos fúteis como o de estarem para “parquear o carro”. Creio que os “chapeiros” usaram a Psicologia Reversa, uma forma de controlo mental que consiste em tentar convencer alguém a fazer algo, dizendo-lhe para fazer o contrário.
Não podia concluir a carta sem falar do acto macabro que vocês fazem com as nossas mães e avós. E que história é essa de rejeitarem pessoas com um Índice de Massa Corporal elevado? Será que elas, por serem gordas, não são pessoas?
“Chapeiros”, lembrem-se de que vocês fazem parte do povo, parem de agir como se nós fôssemos seus inimigos. Nós devemos unir-nos e fazer o papel de vigilantes e garantirmos que nenhum “chapeiro” encurte ou desvie a rota.