O procurador-geral do Egito morreu nesta segunda-feira, vítima de um ataque com carro-bomba quando saía da sua casa na capital Cairo, o que representa uma escalada nos atentados de militantes islâmicos contra o Judiciário.
Juízes e outras autoridades governamentais vêm sendo cada vez mais visados por islâmicos radicais que se opõem ao presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, e que se revoltaram com as penas de prisão severas impostas a membros da hoje ilegal Irmandade Muçulmana.
O atentado desta segunda-feira tirou a vida do mais importante funcionário estatal desde que Sisi, ex-chefe do Exército, depôs o presidente islâmico Mohamed Mursi em 2013 em reacção aos intensos protestos de rua contra seu governo. Mursi foi condenado à morte este mês por conta de uma fuga em massa de uma prisão em 2011.
A mídia estatal e fontes médicas e jurídicas confirmaram a morte do procurador-geral, Hisham Barakat, num hospital no distrito residencial de Heliópolis, onde ele havia sido operado horas antes. Mais cedo, o porta-voz do Ministério da Saúde, Hossam Abdel Ghaffar, havia dito que Barakat teve o ombro deslocado e sofreu um corte profundo e uma possível fractura no nariz.
Não há confirmação da autoria do atentado, no qual fontes de segurança disseram que uma bomba num carro estacionado foi detonada remotamente enquanto a comitiva de Barakat passava. Inicialmente elas haviam declarado que um carro-bomba havia se atirado contra a comitiva.
A agência de notícias estatal Mena afirmou que a explosão ainda feriu pelo menos nove outras pessoas, incluindo policiais e civis.
No mês passado, a filial egípcia do grupo militante Estado Islâmico exortou seus seguidores a atacarem juízes, abrindo uma nova frente na insurgência islâmica no país árabe mais populoso do mundo. Em maio, três juízes foram mortos a tiros na cidade de Al-Arish, no Sinai.
Testemunhas contaram que a detonação desta segunda-feira foi forte a ponto de estilhaçar vidraças em vitrinas de lojas e casas próximas. Uma grande coluna de fumo preto e vários carros queimados foram vistos perto de uma fileira de prédios de apartamentos.
O local de trabalho de Barakat também foi alvejado no início deste ano, quando uma bomba explodiu próximo da Suprema Corte, no centro do Cairo, matando duas pessoas.