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Carro-bomba em Damasco rompe trégua na Síria

Um carro-bomba explodiu em Damasco, Sexta-feira (26), e as forças leais ao presidente Bashar al-Assad entraram em confronto com rebeldes na Síria, rompendo uma trégua temporária no conflito por ocasião de um feriado religioso muçulmano.

Segundo os activistas, pelo menos 70 pessoas morreram. A televisão estatal disse que o “carro-bomba terrorista” matou cinco pessoas e feriu outras 32, de acordo com “números preliminares”.

Os ativistas da oposição afirmaram que a bomba explodiu perto de um playground infantil construído para o feriado do Eid al-Adha, no distrito de Daf al-Shok, no sul da capital.

Os conflitos começaram cedo na Síria, com os dois lados violando o cessar-fogo para o Eid al-Adha, proposto pelo enviado de paz internacional Lakhdar Brahimi. A violência, entretanto, foi bem menor do que a usual.

Os militares sírios disseram ter respondido a ataques feitos pelos insurgentes a posições do Exército, em linha com o anúncio, Quinta-feira (25), de que cessariam a actividade militar durante o feriado de quatro dias, mas se reservavam o direito de reagir às acções rebeldes.

O apelo de Brahimi para um cessar-fogo ganhou amplo apoio internacional, incluindo da Rússia, da China e do Irão, os principais aliados estrangeiros do presidente Bashar al-Assad.

O enviado da Liga Árabe e da Organização das Nações Unidas (ONU) esperava aproveitar a trégua para acalmar o conflito iniciado há 19 meses, que já matou cerca de 32 mil pessoas e agravou a instabilidade no Oriente Médio.

A violência pareceu ter cessado em algumas áreas, mas as violações da trégua cometidas por ambos os lados rapidamente reduziram a esperança dos sírios de celebrar em paz o Eid al-Adha, o auge da peregrinação do Haj a Meca.

“Não estamos a celebrar o Eid aqui”, disse uma mulher numa cidade síria situada perto da fronteira turca, falando com o ruído de tiros e bombas ao fundo. “Ninguém está com vontade de comemorar. Todo o mundo está apenas agradecido de estar vivo.”

O marido dela, na faixa dos 50 anos, afirmou que o casal e os seus cinco filhos haviam acabado de voltar à cidade após ficarem nove dias acampados numa fazenda com outras famílias a fim de escapar dos confrontos. “Não temos presentes para nossas crianças. Não podemos nem ligar para nossos parentes”, disse ele, com uma filha no colo.

“Desastre doloroso”

O imã da Grande Mesquita de Meca pediu que os árabes e muçulmanos tomem medidas “práticas e urgentes” para acabar com o derramamento de sangue na Síria.

O conflito sírio aprofundou divisões no mundo islâmico. O Irão, xiita, apoia Assad e as nações sunitas aliadas aos EUA, como Arábia Saudita, Turquia e o Catar, apoiam os inimigos dele.

“O mundo deve arcar com a responsabilidade por esse desastre prolongado e doloroso (na Síria) e a responsabilidade é maior para os árabes e muçulmanos que devem pedir apoio uns aos outros para apoiar o oprimido contra o opressor”, disse o xeique Saleh Mohammed al-Taleb aos fieis durante as orações do Eid.

Para alguns na Síria, não houve descanso da guerra, mas ao entardecer o total dos mortos ainda estava significativamente abaixo do registado nos dias anteriores, quando no geral entre 150 e 200 foram mortas.

O conflito mais violento ocorreu ao redor da base do Exército de Wadi al-Daif, perto da rodovia Damasco-Aleppo, que os rebeldes tentam tomar do Exército há duas semanas. O Observatório Sírio para Direitos Humanos afirmou que nove soldados foram mortos por bombardeio dos rebeldes contra a base.

O ataque destruiu por completo um edifício e quatro combatentes rebeldes morreram em confrontos ao redor de Wadi al-Daif. “Não acreditamos que o cessar-fogo irá funcionar”, disse o comandante rebelde Basel Eissa à Reuters.

“Não há Eid para nós rebeldes na linha de frente. O único Eid que podemos celebrar será a libertação.” O presidente Assad, que diz lutar contra militantes islâmicos patrocinados por inimigos externos da Síria, apareceu na TV estatal a participar nas preces iniciais do Eid numa mesquita de Damasco.

As agências humanitárias prepararam-se para, aproveitando a eventual trégua, chegar a áreas inacessíveis por causa dos combates, segundo um funcionário da ONU em Genebra.

O Acnur (agência da ONU para refugiados) disse ter preparado a distribuição de cestas de emergência a até 13 mil famílias em Homs e Hassaka (nordeste).

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