Ao que tudo indica quando, no ano 2010, por ocasião da primeira copa mundial de futebol realizada em África, o antigo Presidente da África do Sul, Nelson Mandela admirou a capacidade invulgar que o futebol possui de reunir pessoas das nações no mesmo espaço não tenha sido por acaso.
No entanto, a produção cultural da humanidade – a musical em particular – possui muito mais do que isso. Descubra a partir dos temperamentos do Jazz Festival em finais de Março na cidade de Cabo.
Para os amantes da música Jazz, muitos dos quais verdadeiros cidadãos cosmopolitas – porquanto apesar de terem nascido em Cuba, por exemplo, hoje podem estar na China a degustar os mais exóticos manjares da gastronomia local, ao mesmo tempo que preparam as malas para, no dia seguinte, rumar para qualquer lugar de África – os dias 30 e 31 de Março de 2012 podem ser eternamente inesquecíveis.
Nos referidos dias, sexta-feira e sábado, respectivamente o International Convention Centre da Cidade de Cabo (CTICC) que, naquela Terra do Rand, irá acolher a 13ª edição do Festival Internacional de Jazz, a arte de cantar, instrumentalizar e produzir música que agrada à alma será realizada de maneira, quase 100 porcento, mestra.
Para o efeito, foram convidados artistas – Jazzistas – de diversas partes do mundo, com destaque para os oriundos do continente Africano (em particular o país anfitrião, África do Sul), bem como alguns artistas de origem europeia, americana e asiática.
Nem vale a pena referir que o evento irá atrair entre outros – turistas, aventureiros, estudiosos de música – a imprensa do mundo inteiro. É assim que a indústria cultural sul-africana, através de um género de música rico em termos de história, memórias do passado sobretudo a colonial, se posicionará como um verdadeiro instrumento contemporâneo de atracção de divisas para o Estado africano número um em termos de desenvolvimento económico.
Já nos finais do mês passado, a organização do evento anunciava, para o mundo, as maiores atracções do Jazz norte-americano que este ano se irão associar à iniciativa.
Jill Scott entre as maiores atracções
“O Line-up da 13ª Edição do Festival Internacional de Jazz na Cidade de Cabo foi reforçado pela adição de três artistas espectaculares e, internacionalmente aclamados.
A vocalista conceituada poeta e actriz Jill Scott, dos Estados Unidos da América, abrilhantará o festival com o seu fantástico repertório, assim que se ajuntar ao palco de Kippies com vários artistas afamados”.
Recorde-se que no ano 2000, Jill Scott lançou o seu primeiro álbum intitulado Who is Jill Scott? Sons & Palavras, Vol. 1. O referido trabalho discográfico, de dupla platina no que diz respeito às vendas, rendeu a Scott várias nomeações nos Grammys, incluindo o do Melhor Artista Revelação. Outros dois álbuns aclamados vieram à tona logo de seguida, Beautifully Human: Sons & Palavras, Vol. 2 e também o The Real Thing: Sons & Palavras, Vol. 3. Ambos ganharam mais dois Grammys e mereceram vários destaques em todo o mundo.
Muito recentemente, Scott foi escalada como a personagem principal no filme “The no. 1 Ladies Detective Agency”, uma mini-série da HBO/BBC filmada num dos bairros suburbanos de Botswana e actualmente está sendo exibida na África do Sul.
Vale a pena salientar que Scott antes de se tornar numa verdadeira “estrela”, brilhou ao lado da Tyler Perry e Janet Jackson na série do filme “Why did I get Married?” É esta artista de mão cheia – porquanto vencedora de três Grammys, compositora e intérprete, melhor poeta vendedora no The New York Times – que nos dias 30 e 31 de Março em curso se juntará à festa do Jazz na África do Sul.
Steve Tyrell, outra atracção
Ainda no campo do Jazz norte-americano Steve Tyrell, vocalista nascido em Texas e cantor de músicas com um padrão popular, é outra atracção do evento que segundo se espera irá conferir maior visibilidade ao evento.
O artista é sobejamente conhecido pelo seu álbum denominado A New Standard. Trata-se de um trabalho que resultou de uma produção independente e que foi favoravelmente criticado pelos especialistas da música.
A restrita listas das maiores atracções inclui para a festa do Jazz de 2012 inclui ainda artistas como Linda Ronstadt e James Ingram que em 1986 gravaram a Somewhere Out There do Tyrell, a qual ganhou dois Grammys (incluindo o da Melhor Música do Ano), tendo recebido uma nomeação de Óscar. Aliás três anos depois.
Ronstadt voltou a gravar a música Don’t Know Much do Tyrell com a participação especial do Aaron Neville, a qual rendeu tanto a ela assim como ao Neville um Grammy de Melhor Performance Vocal.
Entretanto, o rapper Pharoahe Monch associado ao Line-up do evento totaliza em 41 o número de artistas que tomarão parte do evento. Altamente conhecido pelo hit Simon Says, o nativo de Nova York foi integrante da Fusão Organizada com o seu parceiro Price Poetry.
Actualmente, o então artista visual trabalha sozinho tendo lançado recentemente a música W.A.R. (Nós Somos Renegados). O videoclipe do novo single do seu álbum, Still Standing foi lançado em princípios de Fevereiro último destacando-se a participação da poeta Jill Scott.
Domínio norte-americano
De qualquer modo, apesar dos acréscimos feitos a lista dos convidados não alterou. Os artistas norte-americanos continuam a dominar alistas dos convidados.
Senão vejamos, nomes como os de James Ingram, Dave Koz com o convidado especial Patti Austin, Mike Stern com o convidado de honra Dave Weckl, Brubecks play Brubeck, Ron Carter, Donald Harrison e Lenny White, Atmosfera, Jean Grae, Allen Stone, Kevin Mahogany, Trio Patti Austin, Marcus Miller e Third World – todos filhos da terra do Tio Sam – têm a sua participação confirmada no evento.
África do Sul
Entre os anfitriões podem-se referir os nomes de artistas como Virtual Jazz Reality, Andre Petersen Quintet, Goodluck, Zamajobe, Zahara, The Jason Reolon Trio, Banda de Jazz da Alexander Sinton High School, Zakes Bantwini, Unathi, Lindiwe Suttle, Sophia Foster, Hassanadas, Victor Kula, Adam Glasser, Herbie Tsoaeli, Steve Dyer, Literate Skill, Hip Hop Pantsula, Dorothy Masuka e Hugh Masekela.
Outros convidados
Entre os países que só participam com um artista e/ou banda na maior festa do Jazz do mundo encontra-se Moçambique que irá se fazer presente com o célebre musicólogo moçambicano Moreira Chonguiça. Por seu turno, Angola, o nosso país irmão far-se-á presente com a participação de Gabriel Tchiema.
David Sanchez com o convidado especial Lionel Loueke (Puerto Rico e Benin), Nouvelle Vague (da França), Xia Jia (da China), Alfredo Rodriguez (de Cuba) são outros artistas que actuarão no Jazz Festival.
Mostra fotográfica
A organização do Cape Town Jazz Festival compreende que a 13ª edição do evento que decorre em finais deste mês será um momento pleno de celebração não somente da criatividade musical, como também da visual.
É por isso que este ano se irá instalar, mais uma vez, a exposição fotográfica Duotone que é uma mostra anual sobre o evento. Todos os anos comemora-se a fotografia prolífica do Jazz com o intuito de educar as pessoas sobre o poder daquela arte visual. Este ano, a exposição apresentará as obras dos artistas Nuno Martins (de Angola), bem como de Sipho Maluka e Shelley Christians ambos da África do Sul.
O outro evento muito emocionante do Jazz Festival é o Concerto Comunitário Anual oferecido de forma gratuita e que congrega milhares de pessoas no Centro da Cidade de Cabo na Praça Green Market. Este ano, o concerto terá lugar no dia 28 de Março, na Quarta-feira antes do festival. O Line-up é geralmente um “cherinho” de alguns dos músicos locais e internacionais, os quais irão actuar no Festival.
O Cape Town Jazz Festival só será possível acima de tudo porque uma série de empresas e instituições do Governo sul-africana – que assumindo o seu papel de mecenas culturais – se dispuseram a patrocinar e apoiar de diversas formas à iniciativa. Trata-se do Departamento de Artes e Cultura, o SABC, o Governo Provincial de Western Cape, A Cidade de Cabo, Oude Meester, Hansa Pilsner, O Departamento de Assuntos Culturais e Desporto, entre outros.
Ingressos
Os ingressos do festival já estão à venda. Os preços variam da 400 randes para um único dia e/ou 550 randes para os dois dias. A organização esclarece que, como nos anos anteriores, este ano haverá uma taxa adicional de 30 randes por actuação para apresentações realizadas no palco de Rosies.