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Camponeses de Sofala furiosos com Envirotrade

Pouco mais de mil famílias de camponeses membros do Projecto Comunitário de Carbono de N’hambita, localizado junto ao Parque Nacional de Gorongosa, em Sofala, dizem que estão agastadas com a empresa Envirotrade, a quem acusam de demorar e/ou cancelar os pagamentos pela venda de créditos de carbono capturado por eles nas matas do parque.

Eles contaram à organização não-governamental moçambicana Centro de Integridade Pública (CIP) que, ultimamente, a empresa privada Envirotrade está a violar os contratos celebrados porque quando paga faz descontos nos valores processados sem o seu consentimento.

Avança o CIP que os vendedores de créditos de carbono em Gorongosa estavam inicialmente entusiasmados com o projecto porque “os pagamentos eram maiores e sem descontos” e havia também mais oportunidades de emprego, no âmbito do projecto durante os primeiros anos de funcionamento do projecto.

Denunciaram também casos de despedimentos dos membros contratados, situações que se reflectem num alegado funcionamento deficiente da serração, carpintaria, padaria e outras micro-empresas criadas por eles como resultado da venda de créditos de carbono à Envirotrade.

A compra de carbono em Gorongosa começou em 2003 e em 2010 foram pagos a 1415 famílias membros do projecto comunitário de carbono de N’hambita cerca de 90 mil dólares norte-americanos, o correspondente a uma média de 63 dólares por família, ou seja, 1764 meticais ao câmbio de 28 meticais/USD.

Desde o início do projecto até 2010 foram vendidas 155.675 toneladas de carbono, o correspondente a uma média de 8,54 dólares por tonelada, totalizando 1.328.971 dólares, ou seja, 37.211.188 meticais.

Depois da venda dos créditos de carbono, um terço do valor arrecadado vai para a Envirotrade como lucro, a mesma taxa para aquela empresa para a gestão e um terço para as comunidades.

O gerente daquela firma, de nome António Serra, contou ao CIP que o preço para o carbono é muito baixo e as vendas do mesmo estão a cair, enquanto os agricultores recebem um preço anual fixo, independente do mercado de carbono, o que concorre para que os ganhos de créditos sejam pouco mais do que o preço do contrato que os camponeses recebem, deixando pouco dinheiro para lucros e custos do projecto.

Razões da venda de carbono

A comercialização de carbono está a ser feita como oportunidade para reduções lucrativas e imediatas das emissões de carbono, segundo o Banco Mundial (BIRD) que revela que desflorestamento e a degradação da floresta representam 20% das emissões globais de gases de estufa.

Refere ainda o BIRD que é mais barato reduzir as emissões provenientes do desflorestamento do que reduzir as emissões industriais e que isso se consegue atribuindo um valor financeiro ao carbono retido nas florestas.

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