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Camponeses de Manica recusam-se a pagar Sementes que não germinaram; Empresa processa-os assim como a Rádio que divulgou o caso

Camponeses de Manica recusam-se a pagar Sementes que não germinaram; Empresa processa-os assim como a Rádio que divulgou o caso

Mais de 60 camponeses da localidade de Inhazónia, no distrito de Báruè, província de Manica, e a empresa Semente Nzara Yapera, estão desde Novembro do ano passado em braço-de-ferro. Em causa estão duas toneladas e meia de milho distribuídas pela Semente Nzara Yapera aos camponeses, mas estes recusam pagar alegando que o tal milho sucumbiu parcialmente depois de lançado à terra.

O desentendimento entre as partes resultou num processo-crime em curso na Procuradoria Distrital de Báruè, movido pela Nzara Yapera contra os agrários em Maio deste ano. O processo ostenta o número 263/12. A lentidão com que é tratado faz os camponeses suspeitarem que alguém tenha interesse de fazê-los pagar uma semente que depois de lançada à terra só trouxe prejuízos.

Pela aquisição da semente referida, na discórdia, os camponeses deviam desembolsar noventa e cinco mil de meticais (95.000Mt) provenientes do crédito agrário. Insatisfeitos com o problema, que, de certo modo, comprometia as suas metas de produção, os camponeses, num acto fracassado, convidaram a fornecedora para se inteirar, in loco, da situação nas suas machambas.

Como recurso eles colocaram o Serviço Distrital de Actividades Económicas de Báruè (SDAE) a par do problema. Colhidas 100 gramas de amostra da mesma semente concluiu-se que ela germinava abaixo de 50 por cento.

A empresa Semente Nzara Yapera, representada pelo agente económico Peter Waziweyi, ficou insatisfeita com o resultado do teste. Dirigiu-se ao SDAE para junto do mesmo tirar satisfações. A empresa mandou, por sua vez, examinar a mesma semente. Indicou-se que germinava 93 por cento, prova com a qual Peter Waziweyi levantou um processo-crime contra os mais de 60 camponeses e a rádio Catandica, esta por divulgar a notícia sobre a “semente que não germina”.

Os visados do processo-crime estranham o facto do certificado de lote exarado pelo Departamento de Sementes, no Ministério da Agricultura, ter sido assinado a 16 de Janeiro de 2012, enquanto as amostras foram colhidas e submetidas ao laboratório a 30 de Janeiro de 2012. O porta-voz e presidente da Associação dos Camponeses em Báruè, Tariro yeMurimi, questiona com é que Manuel César Bacicolo, responsável do laboratório, assinou o certificado e o porquê da lentidão no processo no. 263/12.

“Está preso no gabinete do Procurador Distrital, Henriques Ibraimo.” Segundo Tariro yeMurimi, passa muito tempo que a Policia de Investigação Criminal de Báruè ouviu, sucessivas vezes, os camponeses e a rádio, “mas nada anda. Que se encaminhe o processo ao Tribunal”.

Entretanto, o Procurador Distrital de Báruè, disse, em conversa com jornalistas, que no processo em alusão os camponeses não têm prova de que a semente não germinou.

Tariro yeMurimi desvaloriza os pronunciamentos do magistrado e justifica que a empresa Semente Nzara Yapera fez os camponeses perderem seu tempo e recursos com a sementeira daquele milho. Constantemente recebem notificações que chegam a significar intimidação. Aliás, Nzara Yapera significa a fome acabou, mas os camponeses dizem que são obrigados a fazer biscates para poder sustentar as suas famílias.

Refira-se a audiência deste caso está já marcada para o dia 14 de Setembro corrente.

Porque as Sementes não germinaram

Entretanto, o Jornal @verdade contactou telefonicamente, a partir de Maputo, Peter Waziweyi. Este, por sinal director-geral da empresa envolvida no problema, narrou que a semente repartida pelos camponeses pertence a uma outra distribuidora, da qual a Nzara Yapera estava a prestar serviço.

Questionado por que é que a semente um grupo significativo de camponeses se uniria para alegar que a semente não germinou enquanto sucedeu o contrário, Waziweyi respondeu: “há vários motivos para não germinar, entre eles a falta de humidade, contaminação da terra pelos insectos, calor intenso”.

Aliás, a dado passo do seu depoimento, o interlocutor diz que “havia condições para aquela semente não germinar. Estávamos no mês de calor intenso”. Não soube especificar que mês foi, mas @verdade sabe que os camponeses receberam as sementes em Novembro de 2011.

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