As altas temperaturas registadas no norte do Peru por influência do fenómeno climático “El Niño” causaram a morte de, pelo menos, oito crianças, informou nesta quarta-feira o director municipal de Saúde de Piura, Jesús Juárez.
Em declarações ao “Canal N”, Juárez afirmou que esteve nos hospitais da região e constatou que a procura pelas emergências pediátricas está “muito acima do normal.”
“Há um aumento incomum de crianças com febre alta, diarreia e em alguns casos convulsões e, por sua vez, um aumento inusitado de falecimentos”, afirmou. Ele revelou que uma equipe médica que analisou os casos notou “que havia até seis falecimentos relacionados” com estes problemas de saúde e que em outras localidades foram reportados outros dois casos.
As vítimas tinham menos de dois anos de idade e viviam em diferentes pontos de Piura. “Diariamente, nos chegam até dez crianças com características similares. Todos estão a receber o tratamento oportuno”, disse.
Juárez indicou que o Ministério da Saúde (Minsa) enviou uma equipe especial para recolher amostras para descartar a presença do cólera. Ele garantiu que Piura suporta “a terceira pior temperatura dos últimos 50 anos”, só superada pelas registadas em 1983 e 1998, também vinculas ao “El Niño”.
O Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrología do Peru (Senamhi) informou que a temperatura em Piura alcançou nas últimas semanas picos de 34 graus e mínimas de 23. No ano passado, as autoridades peruanas já tinham assinalado que o “El Niño” teria um impacto “extraordinário” no país, mas, com o passar dos meses, a previsão foi diminuindo até ser considerado que seria de intensidade “moderada”.
Embora as chuvas sejam frequentes na região durante estes meses do ano, desde Dezembro arrasta-se uma seca considerada pelos especialistas consequência da irregularidade do clima causada pelo “El Niño” e só na última semana choveu forte.
Nesta quarta e terça-feira, o presidente do Peru, Ollanta Humala, inspeccionou os trabalhos de limpeza e desbloqueio da Estrada Central, que liga Lima ao centro do país. A via foi afectada pelo transbordamento do Rio Rímac e deslizamentos na semana passada.
O ministro da Economia e Finanças, Alonso Segura, disse que o país enfrenta actualmente “um fenómeno de magnitude moderada, com excesso de chuva e escassez de água em várias regiões do país, mas por efeitos estacionais”.
Na quarta-feira também, o edil de Limbani, no departamento de Puno, informou que quatro pessoas morreram e duas estão desaparecidas após o desmoronamento de terra por conta das chuvas e o transborde de rios na cidade.
As chuvas e inundações também deixaram no sábado pelo menos dois mortos e um desaparecido na região Apurímac. Já em Lima, outro ponto da Estrada Central foi interditado pelo transbordamento do Rímac.
O governo ordenou a instalação de uma ponte na direcção da cidade de Jauja, que hoje permitiu dezenas de pessoas, incluindo idosos, crianças e pessoas com necessidades especiais, serem transferidas a Lima.