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Caça furtiva em recrudescimento no Parque Nacional das Quirimbas

A caça furtiva no Parque Nacional das Quirimbas (PNQ), em Cabo Delgado, norte de Moçambique, está a assumir proporções alarmantes e prova disso é a recente incineração de pontas de marfim por caçadores furtivos numa aldeia do distrito de Ancuabe, quando se aperceberam da aproximação de uma equipa de fiscais que fazia buscas na área.

A direcção do PNQ reuniu-se, semana passada, para analisar, entre muitos problemas, a gravidade do problema envolvendo cidadãos nacionais e estrangeiros que buscam ilicitamente pontas de marfim daquele paquiderme.

Para lograrem os seus intentos, segundo explica Hermínio António, do departamento de fiscalização, os criminosos recorrem a armas de fogo e de guerra do tipo Ak-47, carabinas, armadilhas, entre flechas, ratoeiras, cabos de aço e produtos tóxicos.

”Nos últimos tempos, além do uso de meios terrestres, como viaturas, os furtivos recorrem a meios aéreos, nomeadamente helicópteros para abate e transporte dos troféus, como ocorreu em Taratibo, distrito de Ancuabe, onde foram abatidos 11 elefantes, entre os dias 25 e 29 de Agosto do ano passado” disse António.

No distrito costeiro de Quissanga foram abatidos três elefantes na aldeia de Namadai, onde o helicóptero terá aparecido por duas vezes na calada da noite, o que culminou com o abate de mais três, na aldeia de Namange, no dia 2 de Novembro passado.

O último caso, segundo a fonte, deu-se em Mareja, no passado dia 1 de Dezembro, com a eliminação de dois elefantes e o ferimento de um, numa estrada usada durante a guerra de desestabilização que durou 16 os anos.

Entretanto, um dos mais preocupantes casos, refere-se à destruição, por meio de fogo posto de cerca de 40 pontas de marfim, na aldeia de Biaque, no distrito de Ancuabe, onde um grupo de desconhecidos irrompeu pela manhã do dia 6 de Outubro do ano passado, fazendo-se transportar numa viatura, para em seguida praticar o crime.

Na oportunidade, decorria uma busca e captura dos mesmos, na zona de Ngura, uma operação levada a cabo pelo comando conjunto da PRM, PNQ e FADM.

O carro que transportava o marfim terá tido problemas mecânicos e sabendo que havia na região tal rusga, os furtivos preferiram destruir o produto do roubo, segundo reporta o Jornal “Notícias”.

Segundo testemunhas que assistiram ao acto no local do crime, o helicóptero tem a referência EC-120, escuro nas partes laterais e branco por cima, com uma barra de ferro por baixo, conforme atesta, por outro lado, uma imagem captada no dia 23 de Novembro, na zona entre Linde e Muaco, quando voava a baixa altitude, controlando uma manada de elefantes.

Perante a sofisticação dos métodos dos furtivos, o PNQ sente-se incapaz de os confrontar, apesar de continuarem acções de fiscalização conjunta, envolvendo os seus fiscais, a Polícia, com o apoio dos líderes comunitários, visando identificar os supostos violadores da lei.

Segundo foi revelado no encontro, um total de 13 casos de caça furtiva foram registados, dos quais seis encaminhados ao tribunal, sendo verdade, porém, que nenhum deles foi julgado e todos os caçadores furtivos neutralizados encontram-se em liberdade.

Este facto arrepia o PNQ, que desde meados deste ano sempre lamentou a pouca disponibilidade e aparente apatia das entidades de justiça, quando postas perante indivíduos declaradamente destruidores duma das mais importantes riquezas que aquela área de conservação, situada nos seis distritos centrais de Cabo Delgado.

“Após a soltura dos furtivos, o abate de elefantes tornou-se mais preocupante no parque, os soltos continuam a fazer os desmandos e o número de armas aumentou, agora estamos a contar com quatro grupos a dizimar elefantes com o uso de armas de fogo, a recolha de informação ficou mais complexa e o helicóptero, o carro e as motos, tornaram-se meios mais usados nas operações” lamenta o PNQ.

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