Há duas semanas que um grupo de artistas brasileiras que constituem a Capulana – Companhia de Arte Negra se encontra em Maputo, onde, no início da noite da Sexta-feira, procede o lançamento do livro “(Em) Goma – Dos pés à cabeça, os quintais que sou”. O evento decorre no âmbito do intercâmbio artístico-cultural, inaugurado em 2009, entre a Capulanas e o Grupo de Teatro Mutumbela Gogo.
A Capulanas – Companhia de Arte Negra é uma colectividade artístico-cultural composta, essencialmente, por “jovens mulheres envolvidas nos movimentos artísticos-políticos das periferias da cidade de São Paulo”. Um grupo cuja forte consciência sobre o ser negro que caracteriza os seus membros moveu-o a desenvolver um tipo de obras teatrais identificadas como teatro negro brasileiro.
No entanto, a publicação (Em) Goma regista “em livro e documentário a experiência do Projecto Pé no Quintal realizado durante um ano e meio com apresentações do espectáculo Solano Trindade e suas negras poesias nos quintais das residências de famílias que moram nos bairros afastados do centro e que não têm acesso às apresentações de teatro convencional”.
Diz-se que o nome da companhia, que imortaliza e eleva ao mais alto nível de celebração cultural um signo unificador de povos, culturas, a capulana, “é inspirado nos tecidos utilizados pelas mulheres moçambicanas, que possui grande valor cultural e simbólico. Para o grupo o uso das capulanas, por exemplo, para carregar as crianças nas costas, possibilita o exercício da independência e mobilidade da mulher”.
Em jeito de quem rebusca as suas referências de identidade no continente africano (onde muitos brasileiros acreditam que possuem com o povo africano um antepassado comum), as artistas propõe, nos seus espectáculos, uma actuação baseada na vivência africana que “não separa a arte do quotidiano e também não fragmenta em linguagens artísticas como teatro, música, literatura e dança”.
Aliás, “esse é o principal motivo, para a realização do intercâmbio cultural Pé no Quintal de Moçambique”, contam acrescentando que o mesmo evento teve início em 2009, altura em que o grupo conheceu o trabalho da actriz moçambicana Lucrécia Paco, a partir do qual se estabeleceram os primeiros contactos para o desenvolvimento de relações relações de intercâmbio entre os dois países – Brasil e Moçambique.
Desde os meados de Fevereiro último até esta Sexta-feira, que encerram as suas actividades no Teatro Avenida, os membros da Capulanas realizaram várias actividades sócio-culturais nas regiões periféricas de Maputo.