O governo da Bolívia declarou, esta Quarta-feira, “situação de emergência nacional” para enfrentar a maior onda de chuvas em cinco anos, com severas inundações que deixaram mais de 9 mil famílias sem tecto, interrupções nas estradas e extensos danos agrícolas ainda não contabilizados.
A imprensa local informou que as inundações e outros os desastres causados pelas chuvas deixaram pelo menos oito mortos.
Uma cidade brasileira no Acre, perto da fronteira com a Bolívia, também foi afectada. “O decreto supremo está a ser emitido, esta Quarta-feira, no qual declara-se a situação de emergência nacional”, indicou o ministro da Defesa, Rubén Saavedra, em confer6encia de imprensa, depois de uma reunião do gabinete do presidente boliviano, Evo Morales.
“Isso permitirá fornecer os recursos económicos necessários para atender às demandas e às necessidades dos desabrigados”, acrescentou a autoridade.
Não estava disponível de imediato um cálculo oficial do impacto económico dos desastres, mas a situação, atribuída pelo Serviço Nacional de Meteorologia ao fenómeno climático La Niña, poderia agravar-se caso seja confirmada a previsão de que as fortes chuvas continuarão até meados de Março.
O decreto de emergência foi anunciado depois dos quatro dias de celebrações do Carnaval, que também deixaram pelo menos 60 mortos, o triplo do informado anteriormente e uma subida de 50 por cento sobre o mesmo período do ano passado, segundo a polícia.
As mortes atribuídas ao fenómeno La Niña aconteceram em La Paz, onde foram registados vários deslizamentos de casas, e no departamento de Pando, no norte do país, onde um aumento raro do rio Acre inundou grande parte da cidade de Cobija e da cidade brasileira de Brasileia, mostraram imagens da televisão estatal.
“O Brasil também atendeu com solidariedade ao pedido da Defesa Civil boliviana para que as suas equipes possam entrar em território brasileiro para poder alcançar pontos do território boliviano que ficaram isolados”, acrescentou o comunicado.
O vice-ministro da Defesa Civil afirmou, esta Quarta-feira, que pelo menos 9.066 famílias haviam perdido total ou parcialmente assuas moradias em todo o país.
Janeiro e Fevereiro são, normalmente, os meses mais chuvosos na Bolívia, e as chuvas deste ano parecem ter superado amplamente as médias históricas.
O mesmo rio, que nasce no território peruano , cobriu por completo um pequeno povoado chamado Bolpebra, que marca o ponto de confluência de Bolívia, Peru e Brasil, onde centenas de habitantes perderam as suas casas e todos os seus pertences, de acordo com a imprensa.
A embaixada do Brasil informou, em comunicado, que muitos moradores de Bolpebra refugiaram-se no território brasileiro.