O bloco do oeste africano ECOWAS pediu que a comunidade internacional não imponha sanções contra Burkina Faso depois de os militares terem assumido o controle de uma transição após a renúncia do presidente Blaise Compaore.
Num encontro extraordinário na capital de Gana, Acra, na quinta-feira, o ECOWAS saudou comunicados emitidos pelo novo chefe de Estado, o tenente-coronel Isaac Zida, de que ele entregará o poder para um governo de transição em breve.
O ECOWAS, que pediu uma transição de um ano até eleições em novembro de 2015, nomeou o presidente senegalês, Macky Sall, como principal mediador com o governo de transição, de acordo com um comunicado emitido após o encontro.
Zida, comandante operacional da guarda presidencial, autoproclamou-se presidente no dia 1º de novembro, um dia depois de Compaore renunciar e fugir do país em meio a grandes protestos por causa de seus esforços para mudar a Constituição e buscar a reeleição em 2015, após 27 anos no poder.
O Conselho de Paz e Segurança da União Africana, que tem 54 nações e que impõe sanções por quebras no processo democrático, deu na segunda-feira aos militares duas semanas para devolverem o poder aos civis, ou enfrentariam sanções.
“Este encontro pede para que a comunidade internacional e parceiros não imponham sanções sobre Burkina Faso, por causa dos esforços em andamento para continuar apoiando o país nestes momentos delicados”, afirma o comunicado, publicado no site do ECOWAS.
Os EUA disseram na semana passada que não tinham decidido se a ação militar caracterizava um golpe, uma distinção que pode levar à suspensão automática da ajuda militar a um dos principais aliados do Ocidente contra os grupos islâmicos na região.
Bisa Williams, vice-secretária assistente do Escritório de Assuntos Africanos do Departamento de Estado norte-americano, disse após conversar com Zida em Ouagadougou, neste sábado, que Washington está confiando em suas promessas de implementar um governo civil de transição, que organizará eleições em pouco tempo.