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Batata reno perde terreno a favor da cana-de-açúcar em Magude

A produção da batata reno no distrito de Magude, província de Maputo, Sul de Moçambique, tem estado a baixar consideravelmente nos últimos anos, com os camponeses a dedicarem as suas terras para o cultivo da cana-de-açúcar que é posteriormente vendida à Açucareira de Xinavane.

Com este fenómeno, a produção daquela cultura alimentar e de rendimento baixou de mais de cem toneladas, em 2009, para 60 toneladas, ano passado.

No mesmo período, a área do cultivo da batata, baixou de 70 hectares para 34. Dados reportados pela Rádio Moçambique (RM) indicam ainda que, em 2010, a produção global da batata não passou de 70 toneladas, altura que foi cultivada uma área de 40 hectares.

As autoridades consideram que o cultivo da cana-de-açúcar trouxe uma mais valia, dado que os produtores têm maiores rendimentos em relação aos que conseguiam com a produção da batata reno.

Segundo o director distrital das Actividades Económicas em Magude, Eduardo Tembe, além de a produção da cana ser mais lucrativa, este fenómeno, verificado tanto ao nível de produtores do sector familiar como os do sector privado, também resulta dos altos custos associados à produção da batata.

“A facilidade que neste momento a cana-de-açúcar oferece é que o agricultor não tem de acompanhar as operações na machamba, o que já não acontece com a produção da batata reno. A pessoa pode ter o mínimo de insumos necessários, mas a batata exige um pouco mais e poderá não ter os resultados esperados porque não teve todos os insumos”, explicou a fonte.

Estes dados mostram o fracasso da cultura de batata reno naquele ponto do país, quando ainda se encontrava na fase de relançamento ao nível da província de Maputo.

Por outro lado, o posicionamento do Governo em relação a este fenómeno revela um abandono desta iniciativa.

Na verdade, o que acontece tanto em Magude como em Xinavane, onde opera a Açucareira de Xinavane, é que os agricultores, principalmente os do sector familiar, estão a abandonar a produção de culturas alimentares devido a factores climatéricos e a falta de insumos agrícolas.

Em Julho passado, a AIM entrevistou vários camponeses dos distritos de Manhiça e Magude que deixaram de produzir comida e estão a abraçar, em massa, as iniciativas de produção de cana-de-açúcar para a indústria.

Alguns desses camponeses possuem pequenas machambas onde produzem culturas alimentares, mas estas são totalmente dependentes da chuva.

Contrariamente, a cana-de-açúcar não é vulnerável a seca nem a pragas, porque a Açucareira possui sistemas de irrigação dos campos dos camponeses, além de fornecer assistência técnica e todos os insumos agrícolas necessários para a produção.

Um desses camponeses é Raúl Cossa, membro de uma associação de camponeses do posto administrativo “3 de Fevereiro”, que com a venda da cana-de-açúcar cultivada na sua machamba de 2,5 hectares, em 2010, conseguiu amealhar 37,5 mil meticais, na altura equivalente a pouco mais de mil dólares.

Este é o rendimento deste camponês em todo o ano já que o ciclo da cana-de-açúcar é de 12 a 13 meses, no primeiro ano, reduzindo depois para entre oito e nove meses, nos anos subsequentes.

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