Eneas Comiche revelou ao @Verdade que o Conselho Autárquico da Cidade de Maputo não tem dinheiro para reparar as secções da protecção costeira da marginal de Maputo que embora exista há apenas 5 anos não aguentou com a força do mar. As fragilidades da obra tornam-se evidentes numa altura em que Moçambique tem de começar a amortizar os 22 milhões de dólares pagos financiados pelo Fundo Saudita de Desenvolvimento e pelo Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico em África (BADEA) e pagos aos empreiteiros egípcio e português.
Num dos primeiros dias de mau tempo da nova época chuvosa em Moçambique várias secções da barreira de protecção da costa da Cidade de Maputo desabaram. As Mudanças Climáticas, as ondas altas foram apontadas como as causadoras dos danos contudo a infra-estrutura inaugurada em 2014 por David Simango foi construída justamente para proteger a estrada.
Um olhar leigo notava há mais de 1 anos rachaduras e fissuras em vários locais da barreira que começa por baixo do viaduto Alcântara Santos e termina pouco depois do bairro do Triunfo.
A alguns metros do Jardim Centenário perto de uma dezena de blocos de concreto, colocados muros, tombaram e é possível vislumbrar que o passeio está a ficar “oco”. Algumas centenas de metros após o Clube Naval a murada também denota sinais de fragilidade e iminente derrocada. Mais dramático é o cenário entre o bairro do Triunfo e o Marés uma pequena parte do parapeito caiu mas três secções do paredão de protecção ruíram e as áreas adjacentes ameaçam desabar nas próximas marés vivas.
O @Verdade apurou que quando a derrocada aconteceu o empreiteiro chinês que reabilitou a avenida da Marginal e construiu a Circular de Maputo tentou minimizar os danos da barreira, como forma de proteger a estrada interditou o acesso as cercanias da área onde os danos são mais graves.
A barreira de protecção da costa da Cidade de Maputo é um projecto que remonta a década passada e o seu financiamento foi obtido, em 2008, junto de duas instituições financeiras: o Fundo Saudita de Desenvolvimento e pelo Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico em África. Foram dois empréstimos de 22 milhões de dólares norte-americanos que além e taxas de juro muito baixas tiveram um período de graça de 10 anos. Portanto o Estado vai agora começar a amortiza-lo.
Reparação das secção danificadas será um novo projecto que está a ser ainda articulado com o Governo Central
As obras, que consistiram em reparações em algumas secções, na construção do paredão de protecção e de sete esporões de algumas centenas de metros dentro do mar foram adjudicadas a um consórcio denominado RME / MCA Limitada e que foi criado especificamente para ganhar o concurso. O @Verdade descortinou que o consórcio criado em Dezembro de 2012 foi formado pela empresa egípcia Roward Mordein Engineering, pela Sociedade Anónima MCA Moçambique, pela Sociedade Anónima portuguesa M.Couto Alves e ainda pela Sociedade Anónima angolana M.Couto Alves.
Questionado pelo @Verdade o actual Presidente do Conselho Autárquico da Cidade de Maputo disse que não existe nenhuma garantia de manutenção por parte do consórcio que embolsou os 22 milhões de dólares.
Eneas Comiche explicou que a reparação das secções danificadas será um novo projecto que está a ser ainda articulado com o Governo Central. “Esta semana estive com Sua Excelência o Senhor ministro das Obras Públicas e Habitação para articular numa protecção costeira maior, não vai ser só aquela zona, vai abarcar toda costa incorporando vegetação para retenção dos solos”.
Comiche disse que haverá “naturalmente” um novo custo para a reparação, tendo-se recordado que foi durante a primeira vez que presidiu a Cidade de Maputo que o projecto foi negociado. “Na altura, em 2008, quando eu convidei o presidente do BADEA era para cobrir toda a costa, dali onde efectivamente começou mais falta dali em diante e teremos de fazer”.
Defronte do Marés e até ao início do restaurante Costa do Sol não existe um paredão de protecção costeira, aliás onde o paredão termina após o bairro do Triunfo ergue-se uma duna que é usada como cozinha e na cratera abaixo os banhistas sentam-se para comer e beber indiferentes ao risco de uma derrocada.