Navios de guerra britânicos e alemães partiram rumo à costa da Líbia enquanto a Europa reforça as suas operações de resgate no mar Mediterrâneo, depois que até 900 pessoas desesperadas afogaram-se a tentar chegar de barco à Itália no último fim de semana. Mesmo assim, horas depois de líderes da União Europeia concordarem em triplicar o financiamento das missões marítimas do bloco na quinta-feira em Bruxelas e prometerem mais navios e aeronaves, 14 imigrantes clandestinos morreram quando um comboio atingiu dezenas de somalis e afegãos que seguiam no escuro ao longo de uma ferrovia num desfiladeiro na Macedónia.
Perto da cidade macedónia de Veles, um fotógrafo da Reuters viu partes de corpos, roupas e alimentos espalhados ao longo de um trecho remoto da ferrovia que ladeia um rio nesta sexta-feira – parte de uma rota de imigração que se estende por milhares de quilómetros partindo de zonas vitimadas pela guerra e pela fome rumo à Alemanha e ao norte próspero.
O incidente enfatizou a variedade de rotas que um número crescente de pessoas usa para escapar da guerra e da pobreza na Ásia, na África e no Oriente Médio e arriscar a sorte em uma região rica que lhes acolhe com frieza, na melhor das hipóteses.
Os governos da UE continuam a discordar profundamente quanto à maneira de dividir os cuidados com os que são bem-sucedidos nas travessias. Após o naufrágio de um barco de pesca lotado no último domingo, que quase dobrou para 2 mil o saldo de mortos no mar neste ano, os líderes da UE reagiram à revolta pública revertendo os grandes cortes nas operações de busca e resgate, embora a desconfiança dos eleitores em relação à imigração deixe poucos dispostos a acolher muitos refugiados a mais.
A capitânia britânica Bulwark, actualmente próxima de Istambul, na Turquia, irá para a área entre Líbia e Itália no domingo, informou o governo. Entretanto, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que sofre a ameaça de populistas anti-imigração na reeleição que disputa em menos de duas semanas, enfatizou que poucos dos resgatados irão para a Grã-Bretanha.
A Alemanha, destino favorito de muitos imigrantes que chegam à Europa, declarou nesta sexta-feira que enviará uma fragata e uma embarcação de suprimento para a área dentro de alguns dias para procurar refugiados no mar.
Quase 40 mil pessoas chegaram à Itália neste ano, embora a Alemanha e seus vizinhos se queixem que Itália e Grécia fazem muito pouco para rastrear aqueles que chegam e rapidamente seguem para o norte.