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Banqueiros em Moçambique aproveitam Estado de Emergência para ganhar dinheiro

Banqueiros em Moçambique aproveitam Estado de Emergência para ganhar dinheiro

Grafismo de Nuno TeixeiraOs banqueiros em Moçambique, que obtiveram lucros bilionários com a crise das dívidas ocultas, sem solidariedade nenhuma parecem querer ganhar dinheiro com a pandemia do covid-19. Ignorando o relaxamento da política monetária do Banco de Moçambique (BM) e o apelo do Presidente da República a Associação Moçambicana de Bancos (AMB) decidiu rever em alta o custo do dinheiro aumentando a Prime Rate do Sistema Financeiro Moçambicano.

No passado dia 22 o Banco Central relaxou pela primeira vez em muitos meses a sua política monetária reduzindo a “taxa de reservas obrigatórias sobre depósitos dos clientes dos bancos comerciais em moeda nacional e estrangeira em 150 pontos bases (1,50 pontos percentuais) para 11,50 por cento e 34,50 porcento”.

A expectativa do BM, tornada pública em comunicado, é “libertar dinheiro para os bancos comerciais aplicarem de forma rentável, incluindo maior disponibilidade para conceder crédito à economia; reduzir os custos dos bancos comerciais, o que pode permitir que os clientes negoceiem, com os seus bancos, taxas de juro mais favoráveis; reduzir outros custos ou encargos, geralmente cobrados pelos bancos aos seus clientes, em consequência da redução da taxa de reservas obrigatórias”.

Ademais o Banco de Moçambique autorizou “a não constituição de provisões adicionais pelas instituições de crédito e sociedades financeiras nos casos de renegociação dos termos e condições dos empréstimos, antes do seu vencimento, para os clientes afectados pela pandemia do COVID-19, com efeitos a partir do dia 23 de Março até 31 de Dezembro de 2020”.

O objectivo do Banco Central com esta medida é estimular “os bancos a encontrar soluções de pagamento da dívida dos clientes afectados pelo covid-19, de acordo com a sua capacidade financeira”; permitir que as empresas ou consumidores afectados pelo novo coronavírus possam “negociar condições que lhes permitam pagar a dívida de acordo com a sua capacidade financeira.

Em comunicado o BM explica que pretende “reduzir as provisões dos bancos comerciais e, por essa via, os custos inerentes a tais provisões” e com essa redução amortecer “a pressão para o aumento das taxas de juro dos empréstimos, aliviando o custo do financiamento das empresas e dos consumidores”, além disso a expectativa é que as empresa e consumidores possam “renegociação da dívida pode evitar a falência e permitir o pagamento de despesas fixas ou inadiáveis”.

Prémio de Custo do dinheiro em Moçambique não mexia desde Novembro de 2018

Nesta segunda-feira (30) o Presidente da República, durante a Declaração do Estado de Emergência, anunciou a adopção de “medidas de política fiscal e monetária sustentáveis para apoiar o sector privado a enfrentar o impacto económico da pandemia”.

Apesar disso os banqueiros parecem mais preocupados com o lucro do que com a saúde pública e a sobrevivência dos moçambicanos e decidiram nesta terça-feira (31) aumentar o Prémio de Custo do dinheiro de 5,2 para 5,6 por cento e empurraram a Prime Rate do Sistema Financeiro Moçambicano para os 18,20 por cento, comparativamente aos 18 por cento em que se encontrava estagnada desde Outubro de 2019.

O Prémio de Custo do dinheiro em Moçambique, estabelecido pela Associação Moçambicana de Bancos, está fixada nos 5,2 por cento desde Novembro de 2018 e desde então nunca mudou.

Além de aumentarem o custo do dinheiro para o sector produtivo e as famílias os bancos comerciais estão a facturar com a desvalorização do metical que oficialmente vale 67,38 por dólar mas é transaccionado nos balcões para acima dos 68 meticais por dólar norte-americano.

Recorde-se que durante os quatro anos da crise das dívidas ilegais os principais bancos comerciais facturaram biliões enquanto os moçambicanos definhavam. Apenas o Banco Comercial e de Investimentos, o Standard Bank e o Millennium Bim tiveram juntos lucros superiores a 100 biliões de meticais entre 2016 e 2019.

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