Vários bairros da cidade e província de Maputo continuam sem água potável desde o fim de semana e outros enfrentam restrições, devido a dificuldades no fornecimento de energia eléctrica. O transformador avariado foi fornecido pela empresa Efacec, fundada em 1999 por um influente membro do partido Frelimo. Segundo um estudo do Centro de Integridade Pública a “empresa pública responsável pela exploração dos serviços de produção, transporte, distribuição e comercialização de energia eléctrica em todo o território moçambicano” abandonou esse papel, relegando-o a operadores privados, transformando-se, ela própria, numa agência de adjudicação de negócios” para as elites políticas de Moçambique.
“Vários bairros estão sem água todo o dia e outros recebem o fornecimento por algumas horas, devido às limitações no funcionamento dos nossos equipamentos, provocados pelas restrições no fornecimento de energia eléctrica”, disse José Ferrete, porta-voz da AdeM à agência Lusa.
A crise no fornecimento de água está a afectar mais de 150 mil consumidores dos cerca de 220 mil utentes da rede pública de água de Maputo e periferia, acrescentou.
O porta-voz da AdeM adiantou que a capacidade de abastecimento de água em Maputo baixou de 180 mil metros cúbicos para 90 mil metros cúbicos por dia. “É complicado prever quando é que a situação será resolvida, porque depende da reparação da subestação da Electricidade de Moçambique”, acrescentou José Ferrete.
A capital moçambicana enfrenta sérias restrições no fornecimento de energia, desde a semana passada, devido à avaria de um transformador na subestação da Matola, arredores da capital moçambicana.
“Estamos a registar cortes frequentes por causa de uma avaria do nosso transformador. Num horizonte de cerca de 90 megawatts, fomos obrigados a restringir pelo menos 40 megawatts, e isto deixa às escuras muitas zonas da baixa”, disse hoje à Lusa o porta-voz da Electricidade de Moçambique(EDM), Luís Amade.
A eléctrica moçambicana estima que serão precisas pelo menos oito semanas para reparar a avaria.
Segundo a EDM, técnicos da Efacec (uma empresa fundada em 1999 pelo influente membro do partido Frelimo Teodato Hunguana), fabricante do transformador avariado, deslocaram-se à subestação da Matola, e todas as cargas foram transferidas para a subestação de Infulene, “que embora tenha capacidade para alimentar a zona sul tem constrangimentos de escoamento de potência, sobretudo para a baixa da cidade de Maputo provocando, desta maneira, restrições”.
O esquema de adjudicação de negócios, segundo o CIP, “funciona através de empresas que operam no ramo de fornecimento de material eléctrico e execução de serviços de electrificação, que são fornecedores cativos da EDM. Estas empresas são, na sua maioria, participadas por figuras da elite e, ou, mantêm negócios com empresas de figuras das elites”.
Acrescenta o estudo do Centro de Integridade Pública, “Da lista das figuras cujas empresas têm na EDM uma fonte de negócios constam, desde o presidente da República, Armando Guebuza, o antigo ministro de várias pastas e ex-juiz conselheiro do Conselho Constitucional, Teodato Hunguana, o general Jacinto Veloso, antigo ministro de Segurança”, entre outros membros do partido que governa Moçambique desde 1975.
A EDM apelou ainda aos consumidores para uma utilização racional da energia ” de modo a que mais bairros possam beneficiar de eletricidade.