Um projecto visando tornar o bairro suburbano da Mafalala em ponto de referência turística ao nível da cidade de Maputo, a capital moçambicana, está em curso numa iniciativa que envolve o Conselho Municipal local, a Organização Mundial do Turismo (OMT), e a organização não-governamental holandesa SNV.
Mafalala é um bairro com um grande valor histórico-cultural dai, segundo o Presidente do Conselho Municipal de Maputo, David Simango, a necessidade de se capitalizar estes mesmos aspectos de modo a tornar esta zona residencial em zona atraente e funcional.
Nesta primeira fase, as acções do projecto, que contam com o concurso da OMT centram-se na formação de mulheres artesãs, de modo a que possam apresentar os seus produtos de forma adequada aos turistas.
O apoio da OMT ao bairro da Mafalala integra-se nos projectos relacionados com o desenvolvimento do turismo comunitário, estando outras iniciativas do género em curso nas áreas da Reserva de Maputo, no Parque do Limpopo, na província de Gaza, e em Inhambane, todas no Sul de Moçambique.
“O bairro da Mafalala é um ponto turístico importante na cidade de Maputo e a questão que se coloca é como torná-lo atraente para se desenvolver o turismo naquele bairro. As pessoas podem pensar que estamos a sonhar porque quando vão àquele bairro vêem valas de drenagem que nem se quer funcionam”, disse, recentemente, o edil de Maputo.
Este bairro mítico, onde nasceram e/ou viveram destacadas figuras políticas moçambicanas e não só, apresenta também problemas de natureza urbanística e de segurança “mas que não podem impedir que se desenvolva lá a actividade turística, sobretudo o turismo cultural”.
Um estudo efectuado pela SNV – Moçambique sobre as potencialidades turísticas da cidade de Maputo revelou que Mafalala “é um grande ponto turístico”, cujo desenvolvimento pode contribuir em grande medida para o combate à pobreza urbana.
Para David Simango, na cidade de Maputo, há um grande potencial para que o turismo possa crescer de forma sustentável e gerar a riqueza que “todos nós queremos e, por esta via, também contribuirmos para a redução da pobreza urbana, que tem características diferentes da pobreza rural”.
De acordo com aquele dirigente municipal, outras zonas com condições excelentes para se tornarem referências do ponto de vista turístico na nossa cidade de Maputo são as de Nhlamankulu, Costa do Sol e KaTembe.
Pretende-se que a actividade turística nesta cidade envolva de maneira mais participativa os munícipes para que a mesma possa gerar maiores rendimentos e mais postos de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento local.
A SNV-Moçambique, no âmbito da sua cooperação com o Município de Maputo, desenvolve diversas actividades relacionadas com o turismo, incluindo o desenho de programas e projectos específicos para as actividades de Planeamento e Marketing, Formação Profissional, Empreendedorismo, Promoção de Investimentos, entre outras acções.
As autoridades municipais referem que a cidade de Maputo proporciona o maior volume de turismo em Moçambique, estimando-se em cerca de 95 milhões de dólares norte-americanos anuais.
Entretanto, o projecto turístico da Mafalala desenvolve-se numa altura em que em Moçambique o turismo doméstico começa a dar sinais de crescimento, segundo dados da Direcção Nacional do Turismo a que a AIM teve acesso.
No período 2009-2910, o turismo doméstico, referente apenas a hospedagens em unidades hoteleiras, dado que há turistas que se hospedam em casas de familiares ou amigos, registou um crescimento de 3,5 por cento, ou seja, em 2009, houve o registo de 245.898 hóspedes nacionais, e 254.198, já em 2010. Relativamente a hóspedes estrangeiros, também houve um crescimento de cerca de 13 por cento, passando de 236.657, em 2009 para 267.720 hóspedes em 2010.