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Autoridades moçambicanas prometem desarquivar processo sobre o desaparecimento do empresário português em Sofala

A família do empresário português raptado e em lugar desconhecido, desde 29 de Julho de 2016, no centro de Moçambique, ganhou ânimo com o recente compromisso do Governo em retomar a investigação do caso, agora arquivado por falta de resultados nas diligências com vista à provável localização da vítima.

Américo Sebastião, na altura com 49 anos de idade, foi raptado numa gasolineira, na localidade de Nhamapadza, no distrito de Marínguè, província de Sofala, por indivíduos alegadamente desconhecidos, trajados de farda militar. Na ocasião, a zona era palco do conflito político-militar entre o Governo e o maior partido da oposição no país, a Renamo.

Há mais de dois anos que não se tem informação sobre o seu paradeiro e não se sabe se goza de boa saúde. A sua esposa, Salomé Sebastião, garantiu que nunca os presumíveis sequestradores exigiram resgate. Alguma imprensa lusitana chegou a acusar “Maputo ignorar a diplomacia e as autoridades portuguesas desde então”.

Em finais de Outubro de 2018, a procuradora-chefe da República, em Sofala, Carolina Azarias, revelou que a investigação em torno do desaparecimento de Américo Sebastião tinha sido arquivada porque, “infelizmente”, não havia “pistas de quem possam ser os autores”.

A esposa da vítima reagiu dizendo que o processo “foi encerrado sem qualquer conclusão”, por isso, ela tem feito idas e voltas entre Maputo e Portugal no sentido de pressionar as autoridades moçambicanas a esclarecerem o que aconteceu ao seu marido.

Nesta quarta-feira (20), a senhora voltou a falar à imprensa, numa das estâncias turísticas na capital do país, e assegurou que não guarda ressentimentos nem busca justiça sobre quem quer que seja, apenas procura trazer o seu esposo ao convívio familiar.

De acordo com ela, o silêncio com que as autoridades moçambicanas respondiam ao assunto e as dificuldades em agendar reuniões com a família de Sebastião parecem ter mudado consideravelmente, desde o final do ano passado.

“No início deste ano, houve uma mudança positiva e existe uma expressa e generalizada preocupação em volta do caso, manifestada quer pelos assessores directos” do Presidente da República, Filipe Nyusi, do ministro da Defesa Nacional, Atanásio M’Tumuke, da Procuradora-Geral da República (PGR), Beatriz Buchili, e da presidente da Assembleia da República (AR), Verónica Macamo.

Segundo Salomé Sebastião, as instituições por ela referidas não só lhe dão carinho, “como me deram um novo alento que torna mais forte a minha convicção de que brevemente terei o Américo de volta ao nosso convívio”.

Aquelas instituições mostraram ainda a sua “solidariedade perante o sofrimento da família destroçada pela dor da separação e da incerteza” em relação ao desaparecimento de Sebastião.

Salomé fez saber que ficou positivamente surpresa quando, por exemplo, o assessor do ministro da Defesa Nacional prometeu “uma averiguação célere do que pode estar a acontecer e de onde pode estar o Américo neste momento”.

Por sua vez, Beatriz Buchili mandou revisitar o processo de investigação desencadeado na Procuradoria Provincial de Sofala e “o mesmo já se encontra” na PGR em Maputo, para os devidos efeitos.

Houve ainda “abertura para a aceitação da cooperação portuguesa na investigação, desde que requerida nos termos que a lei dita e esperamos” que haja avanços substanciais na localização e resgate, disse a cônjuge de Sebastião.

O sumiço do cidadão em alusão exagitou a diplomacia portuguesa, que sucessivas vezes acusou a contraparte moçambicana de “mutismo e blackout” sobre este acontecimento.

Aliás, durante a investigação ora arquivada, ficou-se a saber que um cartão de débito de Sebastião teria sido usado para fazer 33 levantamentos de 5.000 meticais cada, “os primeiros dos quais no próprio dia 29 de Julho, na Beira, ao fim da tarde”, segundo o Público de Portugal.

Os 160 mil meticais que existiam na conta da vítima foram esgotados e há imagens captadas pelas câmaras de vigilância que mostram um dos homens que usaram o cartão em questão, mas o facto de nunca terem sido tornadas públicas levanta interrogações à família e à oposição moçambicana.

“Porque não espalham as imagens dos indivíduos que aparecem nas imagens das câmaras dos ATM e da própria bomba de gasolina, para ajudar na sua identificação?”, perguntou Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar da Renamo, em entrevista àquele jornal.

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