Os resultados do apuramento geral das eleições autárquicas de 10 de Outubro corrente anunciados esta quarta-feira (24), pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), são o desfecho de uma “grosseira fraude”, segundo a Renamo. O MDM, não obstante alinhar no mesmo diapasão e lamentar pelas irregularidades que presenciou, parece estar conformado. A Frelimo desejava ter ganho mais municípios ou mesmo todos eles mas diz que “sai satisfeita e reforçada” para as próximas eleições.
No ver do mandatário da “perdiz”, André Magibire, o escrutínio decorreu num ambiente de violência que se estendeu do dia da votação até ao apuramento parcial e intermédio dos resultados.
Por um lado, o deputado disse que o seu partido não se contenta com os resultados da CNE.
Por outro, ele entrou em contradição consigo mesmo, ao afirmar que, “apesar da fraude, é razoável” ter ganho oito autarquias “com uma margem bastante folgada.”
“Fomos às eleições” a governar um município (cidade de Nampula) conseguido quando da eleição intercalar.
A Renamo espera que o Conselho Constitucional (CC) dê provimento à sua reclamação que consiste em alegadamente ter vencido nas autarquias de Moatize, Monapo, Alto Molócuè, Marromeu e Matola, que lhe “foram arrancados por força da fraude.”
Em alguns municípios onde a Frelimo venceu, Magibire espera um trabalho renhido nas assembleias autárquicas onde a Renamo e o partido no poder têm o mesmo número de mandatos. É o caso de Monapo, Ribáuè, Alto Molócuè, entre outros.
A mandatária da Frelimo, Verónica Macamo, reconhece que “infelizmente houve incidentes [entenda-se ilicitudes]”, mas em número reduzido e que não tira mérito, justeza e transparência ao processo. Ela disse que as anomalias registadas deviam “servir de lição para que não voltem a ocorrer.”
“Gostaríamos de ter ganho em todas autarquias, mas respeitamos a vontade dos moçambicanos. Estamos gratos a todos aqueles que votaram na Frelimo”, disse Verónica Macamo, que é igualmente presidente da Assembleia da República (AR). Quando questionada que ilações tira das recentes eleições, a deputada afirmou: “saímos reforçados (…) e nas próximas eleições”, em 2019, “teremos melhores resultados.”
José de Sousa, mandatário do MDM, entende que as anomalias que provavelmente mancharam as eleições aconteceram desde o recenseamento eleitoral, estenderam-se até a campanha eleitoral e seguiram durante a votação e o apuramento dos resultados.
O @Verdade perguntou a José de Sousa que deduções fazia relativamente ao facto de o “galo” ter entrado na corrida eleitoral a gerir três municípios (Beira, Quelimane e Gúruè), dos quais perdeu dois. A resposta, cautelosa, foi: “estas não são as últimas eleições. Futuramente haverá mais (…).”