A tabela de preços de bens de consumo praticada nos principais mercados da cidade de Nampula está a inquietar os consumidores, que têm de se adaptar a essa realidade com tendência a deteriorar-se em cada dia que passa. Além do custo dos produtos alimentares, o agravamento do referente ao gás doméstico também está a deixar os munícipes “sem chão”. Esta nova situação tornou-se assunto de conversa em tudo quanto é canto. Há razões mais do que suficientes para tal: o preço do gás de cozinha sofreu um considerável aumento, passando de 750 para mil meticais por botija de 23.3kg.
A falta de corrente eléctrica está a tornar o custo de vida cada vez mais alto na região norte do país. Esta é uma situação a que os consumidores, a nível da cidade de Nampula, não se adaptam de ânimo leve.
Além de a situação estar ligada à falta de fornecimento de energia, a intransitabilidade das vias de acesso para as zonas produtivas, como são os casos de Cuamba no Niassa, Gurué e Mocuba (na Zambézia) e outros pontos do país que alimentam a cidade de Nampula, consta no rol das principais causas.
O @Verdade visitou os principais mercados da cidade de Nampula tendo constatado que o preço de produtos alimentares como, por exemplo, tomate, arroz, peixe, farinha de milho, cebola, óleo, batata, feijão manteiga, frango e ovos tem vindo a sofrer um aumento significativo, que varia entre 30 e 50 porcento.
Nos finais de Dezembro, no mercado central, o custo de uma cesta básica, para o sustento de um agregado familiar composto por, pelo menos, cinco pessoas rondava os seis mil meticais. Já nos mercados da Waresta, Memória e 25 de Junho (Matadouro) o preço oscilava entre seis mil e 7.200 meticais. Presentemente, naqueles locais onde a maior parte dos munícipes de Nampula obtém os produtos de primeira necessidade, o cabaz ronda os 8500 meticais, em alguns casos chegando a atingir os 10 mil meticais.
A título de exemplo, um saco de farinha de milho de 25 quilogramas chega a custar até mais de 500 meticais contra os 400 a 425 praticados nas últimas duas semanas. O quilograma de feijão manteiga é comercializado ao preço de 85 meticais, contra os anteriores 60 meticais. Já o tomate, que variava entre 30 e 45 meticais o quilo, está a ser vendido a 100 meticais, enquanto a batata Reno, que custava 25 meticais o quilograma, passou para 40 a 50 meticais.
O mesmo ocorre com produtos como açúcar, cebola e ovos cujo preço também regista uma variação considerável. Miguel Abudo, proprietário de uma mercearia no mercado dos Belenenses, explica que este cenário deve-se à intransitabilidade de algumas estradas e é, também, condicionado pelos armazenistas. “Hoje compramos produtos muito caros e vendemo- los a um preço elevado para termos uma margem pequena de lucro”, afirma.
O preço do gás de cozinha também subiu
Além de produtos alimentares, o agravamento do preço do gás doméstico também está a deixar os consumidores preocupados. Há duas semanas, Nampula ressente- -se da sua carência, facto que resulta da falta de comunicação rodoviária entre as regiões sul, centro e norte do país.
O gás de cozinha, cuja botija de 23.3 kg custava 750 meticais no mês passado, sofreu um acréscimo de 250 meticais, estando, neste momento a 1000 meticais. Como consequência da situação, a Gasnorte, que em finais do mês passado procedeu ao descarregamento de 900 garrafas de gás doméstico conquistou já o monopólio na comercialização daquele produto. Longas filas de clientes, maioritariamente representantes de unidades hoteleiras e similares, têm caracterizado os pontos de venda do gás.
Segundo Claudio Bagorro, sócio-gerente daquele estabelecimento comercial, para garantir as reservas, a empresa optou por limitar o número de clientes a serem atendidos por dia e com quantidades reduzidas que não superam a três botijas por cada consumidor.
Por seu turno, a Casa Fabião, outra fornecedora de gás de cozinha na região, diz estar preocupada com a falta de comunicação entre o norte e o sul. Conforme apurou o @Verdade, a referida empresa aguarda há cerca de duas semanas pela melhoria das condições de comunicação para levar os seus camiões às cidades da Beira e Maputo, à busca do produto.
O que diz o Instituto Nacional das Actividades Económicas?
Segundo Zeca Sebastião, inspector provincial das Actividades Económicas, a nível de Nampula, está em curso um trabalho de sensibilização dos comerciantes de modo a não especularem os preços dos produtos de primeira necessidade. O nosso interlocutor assegurou que, caso os vendedores sejam renitentes, medidas severas serão tomadas.
Na semana passada, o Instituto Nacional de Actividades Económicas (INAE) em Nampula levou a cabo uma campanha de fiscalização de preços (ainda em curso), tendo culminado com multas e retirada de licença de actividades aos operadores infractores.
De referir que o custo de vida nos locais onde o fornecimento da energia foi interrompido subiu, ganhando contornos cada vez alarmantes. Nestas regiões há casos de oportunismo na venda de produtos e prestação de serviços que dependem de corrente eléctrica.
A título de exemplo, para recarregar a bateria de um telemóvel, o cidadão é obrigado a desembolsar 30 meticais.