O ministro da Defesa Nacional, Atanásio M’tumuke, (re)insiste, sem apresentar pormenores e argumentos, que os ataques que assolam as comunidades, sobretudo recônditas, de alguns distritos da província de Cabo Delgado, são planificados no estrangeiro e os moçambicanos são apenas vítimas. Porém, prosseguiu, as instituições do Estado funcionam normalmente.
Nas últimas duas semanas, pelo menos 13 pessoas foram mortas por atacantes. Algumas vítimas foram decapitadas, como é o caso de um professor afecto à Escola Primária de Nangade. Ele foi esquartejado. Estima-se que aproximadamente 170 pessoas já foram assassinadas, desde o inicio dos ataques a 05 de Outubro de 2017.
“A orquestra é tocada fora e nós dançamos como moçambicanos. Os moçambicanos que praticam” estes actos “são jovens que vivem nas aldeias e se organizam” para semearem terror, disse, na segunda-feira (11), na capital do país, à margem da cerimónia de investidura dos oficiais generais da Renamo e outros quadros do Ministério da Defesa Nacional (MDN).
Não é a primeira vez que o governante defende a mesma ideia. Recentemente, ele declarou que os jovens que perpetram os ataques são “desempregados enganados” por indivíduos estrangeiros em conluio com nacionais. “Quem são os malfeitores? São jovens que estão a ser enganados por causa do desemprego”. A
tanásio M’tumuke não só tem essa percepção, como também considera que as incursões armadas a aldeias e/ou comunidades são isoladas e não sugerem que a situação tenha saído do controlo do Estado, porquanto as Forças de Defesa e Segurança (FDS) estão no terreno e garantem a segurança.
“Há sim registo de novos casos mas não se trata de aumento”, uma vez que a população se movimenta supostamente com normalidade e “as instituições estão a funcionar”.
Desde 05 de Outubro de 2017 que uma organização que se acredita ser o Al-Shabab invade aldeias de distritos como Mocímboa da Praia, Macomia e Nangade incendeia casas e mata habitantes com recurso a armas brancas e de fogo.
A onda de violência àquela província começou após um ataque armado a postos de polícia de Mocímboa da Praia.
Segundo M’tumuke, desde a eclosão dos ataques em Cabo Delgado “muitas pessoas” foram detidas e ele referiu-se aos 189 acusados que se encontram em julgamento, por alegado envolvimento no caso.
Aliás, o falecido empresário sul-africano Andre Hanekom, de 60 anos, era indiciado de ser o financiador, logístico e coordenador dos ataques, com o propósito de criar instabilidade e impedir a exploração de gás natural na província, de acordo com a acusação do Ministério Público (MP).
O ministro disse que não tem palavras para qualificar o grupo que promove o terror em alusão. “Não sei se são malfeitores”.