O estadista moçambicano, Armando Guebuza, considera os críticos das suas “Presidências Abertas” como sendo parte integrante de um grupo que exerce o seu direito de liberdade de expressão e de opinião que assiste todos os cidadãos, mas que os encara como estando assentes numa base falsa. Por isso, Guebuza assevera que não vai abandonar este método governativo, porque permite inteirar-se melhor dos problemas do país, bem como o ajudam a governar com conhecimento de causa, depois de observar de forma directa e auscultar os problemas que afligem as pessoas nas zonas visitadas.
Guebuza deixou claro que ele assume essas críticas como normais, para quem vive num país verdadeiramente democrático, onde todas as pessoas desfrutam da liberdade de opinião e de expressão. “Neste caso concreto, os críticos das presidências abertas desconhecem, por exemplo, as vantagens do diálogo com um camponês e a importância de ouvir dele as suas dificuldades ou aquilo que ele gostaria que fosse feito pelo governo”, disse Guebuza, visivelmente concentrado na resposta a uma pergunta feita pela AIM, durante uma conferência de imprensa concedida a jornalistas moçambicanos no termo da sua visita de trabalho de três dias, à Suiça iniciada no domingo.
As presidências abertas consistem, neste caso, em visitas periódicas que o estadista moçambicano tem feito principalmente às zonas rurais onde ainda vive, indigentemente, a maioria dos moçambicanos. Nos discursos proferidos durante essas suas deslocações, denota-se que o estadista moçambicano encara essas zonas, como sendo as que devem merecer todas as prioridades da acção do seu governo, para que sejam resgatas o mais rapidamente possível, da pobreza em que os seus habitantes vivem.
Por isso, logo após a sua investidura, em 2004, como terceiro presidente de Moçambique independente, Guebuza elegeu as tais zonas distribuídas pelos 128 distritos que comprazem o país, como sendo os epicentros de todo o processo de desenvolvimento em curso no país. Olhando para a forma como tem priorizado estas zonas, fica claro que ele entende que é precisamente nelas onde se deve concentrar os esforços de luta contra a pobreza, principal ponto da agenda do seu governo.
Isso porque e’ justamente nestas regiões onde falta tudo para uma vida condigna e boa, tais como escolas, hospitais e outras infra-estruturas básicas que existem apenas nas cidades. Para tentar dar corpo a decisão de resgatar essas zonas da pobreza e da miséria em que os seus habitantes se encontram, pela primeira vez na história do país Guebuza instituiu um orçamento anual no valor de sete milhões de meticais (cerca de 264 mil dólares) denominado Fundo de Iniciativas Locais, para cada um dos 128 distritos, especificamente destinados a financiar projectos de desenvolvimento, promover e acelerar o crescimento socio-económico.
Durante a conferência de imprensa, Guebuza disse ainda que encara essas críticas como normais, no contexto do pluralismo das ideias e pontos de vista que cada um possa ter em relação às mesmas questões, no exercício de busca das soluções para os problemas que ainda afectam a maioria dos moçambicanos que vivem nas zonas onde tem visitado com mais frequência, no quadro dessas suas presidências abertas e inclusivas.
Deixou entender na sua explanação que, até prova em contrário, os críticos das suas presidências abertas revelam uma certa ignorância da realidade de um país como Moçambique, onde, regra geral, a única forma para uma comunicação eficaz entre a liderança e a maioria do povo ainda depende do contacto directo e não por via dos media, a semelhança dos países desenvolvidos.
Enfatizou que, sendo esta a realidade moçambicana, não vê como evitar fazer visitas aos diferentes pontos do país, no caso vertente as zonas rurais, onde tem dispendido mais tempo. É precisamente nestas regiões onde vive a maioria dos pouco mais de 20 milhões de moçambicanos sem acesso aos jornais, rádio e muito menos às televisão, com a agravante de ser onde persistem ainda os problemas básicos que requerem a atenção, intervenção e sua resolução pelo seu governo.
Guebuza disse ser irónico que este seu método de governação esteja a ser condenado no país, mas aplaudido e considerado um dos melhores pelos peritos do resto do mundo. Aliás, essa foi uma razões pela qual foi especialmente convidado, para vir aqui a Genebra, para explicar in loco essa sua forma de governação, por ser considerada ideal, dado que privilegia o contacto directo com as massas que mais precisam da mão do governo.
Ao mesmo tempo que promove o diálogo tanto com essas massas, para saber delas o que querem que seja feito pelo executivo, bem como com as forças vivas da sociedade, nomeadamente o patronato e os sindicatos em prol da defesa dos direitos dos trabalhadores. Disse tratar-se de um método que tem merecido rasgados elogios além fronteiras, porque permite estar sempre em contacto com as largas massas que normalmente se debatem com os problemas básicos.
Aliás, estes problemas têm sido temas de acesos debates nos fora mundiais, como nesta cimeira da OIT que tinha como agenda a adaptação de uma estratégia para evitar que a crise global se agrave e sufoque os trabalhadores. Para sustentar a sua resposta, Guebuza apontou a similaridade ou coincidência entre o conteúdo geral do seu discurso proferido na cimeira da OIT com os dos seus homólogos do Brasil e da França, Lula da Silva, e Nicolas Sarkozy respectivamente. Disse que essa coincidência mostra que a sua leitura dos problemas bem como o seu método de solução são correctos.