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As [meteóricas] entradas e saídas dos filhos de Guebuza da sociedade Home Center

Valentina Guebuza e Mussubuluko Guebuza, rebentos de Armando Guebuza que se terão destacado como “empresários” no decénio 2004-2014, temporada em que o seu progenitor detinha as rédeas do partido Frelimo e do Estado, tiveram participação societária por cinco meses na pujante sociedade Home Center. A Home Center é praticamente o grupo onde o Estado moçambicano tem adquirido o seu mobiliário, quer por Procurement público, quer por adjudicação directa. Sendo públicas as vastas ramificações da teia de interesses económicos daquela família, em quase todos os sectores de actividade ecónomica, o @Verdade procurou entender o que teria sucessido para que os filhos de Guebuza, primeiro se juntassem e depois se apartassem da Home Centre em tão curto espaço de tempo! Não encontrámos respostas cabais…

Guebuzas na Home Center

De acordo com o Boletim da República número 61, III Série, Supl., de 31 de Julho de 2014, os mencionados rebentos do ex-Presidente da República e ex-presidente da Frelim, juntaram-se à Home Center, por conta da alteração do pacto social das quotas e dos sócios. Valentina e Mussumbuluko juntaram-se a Moshem Ahmad Suliman, Natália Ali Ahmad Suleiman, Fadia Ali Ahmad, Stephanie Baaklini, Viola Muriela e Nailesh Thusay por conta dessa alteração.

De referir que a Home Center era detida por Ghassan Ali Ahmad, um cidadão de origem libanesa (rentemente falecido) e por João Américo Mpfumo, um general na reserva com história na Frelimo.

Já o Boletim da República número 95 da III Série de 26 de Novembro de 2014, informando a nova alteração da estrutura accionista refere apenas que Moshem Ahmad Suliman, Natália Ali Ahmad Suleiman, Fadia Ali Ahmad, Stephanie Baaklini, Viola Muriela e Nailesh Thusay se mantinham na sociedade, isto, por outras palavras, que os filhos de Guebuza se tinham apartado da mesma.

Um empresário que prefere o anonimato considera estes factos de “muito estranhos, para os empreederores que eles dizem ser”. É, de facto, estranho para os círculos de negócios que os Guebuza entrem e se apartam de uma sociedade da dimensão da Home Centre volvidos apenas cinco meses. “Alguma coisa está por detrás disso”, questiona uma fonte ligada ao empresariado.

O @Verdade não conseguiu obter os depoimentos dos Guebuza.

Os tentáculos empresariais dos Guebuza

O primeiro registo de Valentina nas lides empresariais data de 2001, quando, com o seu pai que alterava a estrutura accionista, o pacto, as quotas e os sócios, entrava com os seus irmãos, Armando Ndambi Guebuza, Mussumbuluko Armando Guebuza, na Focus 21, Gestão e Desenvolvimento, Limitada. Em 2001, o seu pai ainda não era presidente de Moçambique, mas conhecido como um “empresário estranhamente parido pelo socialismo”.

Valentina é a presidente do Conselho de Administração (PCA) da Focus 21, conhecida como a holding da família. Ela é a gestora de várias empresas da família com destaque para a Focus 21 que lidera desde 2006. Estudou Engenharia Civil na África do Sul e, durante esse período, terá trabalhado num restaurante. No último ano de curso, contaria a filha Guebuza à Revista FORBES, iniciou uma consultoria numa empresa de Engenharia Civil e foi aí que terá ganho experiência prática na área.

A Focus 21 faria em Abril de 2005 uma nova alteração no pacto social e nas quotas, tendo substituído na estrutura accionista Mussumbuluco Guebuza por Norah Armando Guebuza, a irmã mais velha de Valentina.

Em 2007, Valentina daria um salto gigantesco ao ser accionista da Beira Grain Terminal no acto da sua constituição. Nesta sociedade a filha de Armando Guebuza é sócia das empresas Caminhos-de-Ferro de Moçambique, Empresa Pública (CFM), Cornelder de Moçambique, SARL, Nectar Moçambique, Limitada, Sonipal, Limitada, Seabord Moz, Limited, Rainbow Internacional CFI Holdings, Limited, e a Merec Industries, Limitada. Dois milhões e setecentos mil meticais constituem o capital inicial da Beira Grain Terminal que tem como objecto social a “operação de uma terminal de cerais a granel, no porto da Beira.

Em Agosto de 2008, Valentina, Mussumbuluco e o seu tio José Eduardo Dai (primo em primeiro grau de Tobias Dai, irmão da Primeira-Dama, Maria da Luz Dai Guebuza), constituem a Crosswind Holdings. Dois milhões e quinhentos mil meticais perfazem o capital social da Crosswinds que tem como objecto social “…o exercício de actividade de construção e desenvolvimento de infra-estruturas”.

No mesmo ano de 2008, Valentina Guebuza, o seu tio José Dai e a Inforcom, Limitada constituem a Servicon, Limitada. Com a módica quantia de vinte mil meticais no capital social, esta empresa tem como objecto social a “actividade mineira; compra, tratamento, processamento, e venda dos seus derivados, obras públicas, agricultura”.

Ainda em 2008, em Novembro, Valentina junta-se novamente ao seu tio José Dai, ao seu irmão Mussumbuluco e a Carlos Nicolau Salvador Júnior e constituem a Orbittelcom, Limitada. Duzentos mil meticais foi o capital inicial da empresa que tem como objecto social a “informática e telecomunicações”.

Em 2009, ano em que o seu pai concorre para o segundo mandato, Valentina, José Dai (o seu tio outra vez), Lilia Szakmesiter e Voo Chong Min constituem a Moçambique Desenvolvimento & Investimentos Limitada. Em 2010, a filha do Presidente junta-se a Luís Filipe Pereira Rocha Brito e constituem a IMOGRUPO – Investimentos e Participações, Limitada. Com um capital de quinhentos mil meticais o objecto social desta empresa é, entre outros a “aquisição, administração, locação e alienação de bens imóveis, próprios ou de terceiros”.

Ainda em 2010, Valentina junta-se a Margarida Maria Duarte Oliveira Nunes Figueiredo, Rita Maria Figueiredo de Sousa Borges Furtado, Stephanie Baaklini, Sylvie Cristelle Lasoen, Mussumbuluco Guebuza e à empresa OLOHA Investments, SA e constituem a Christiam Bonja Moçambique, Limitada. Com cinquenta mil meticais de capital inicial, esta empresa tem como objecto social “o exercício da actividade de ouriversaria, joalharia e relojoaria, com a máxima amplitude permitida, podendo, para o efeito, proceder à importação…”.

Até aqui, temos os registos documentais das participações de Valentina Guebuza e de Mussumbuluko que podem ser encontrados nos Boletins da República (BR’s).

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