Um almofariz, após ter sido usado para o assassinato de uma jovem, foi abandonado no local. Chamada a intervir, a Polícia, no local, prometeu enviar peritos, todavia, decorridas três semanas, aquele objecto ainda não foi removido, encontrando-se exposto ao sol, à chuva e ao vento, aguardando as prometidas diligências policiais. Na madrugada do passado dia 3, no bairro Polana- Caniço, em Maputo, uma jovem de 18 anos foi assassinada após ter sido espancada e abusada sexualmente.
Segundo testemunhas, além de instrumentos contundentes, os criminosos recorreram a um almofariz que a seguir abandonaram. Chamada ao local, a Polícia prometeu enviar peritos, todavia passadas que estão três semanas, a prova do crime nem sequer foi mexida. Denunciando a letargia com que as autoridades encaram o processo, os familiares vêem cada vez mais escassas as possibilidades de os assassinos serem encontrados e responsabilizados. Pelas mesmas razões, são obrigados a conviver com a prova do crime que, de forma trágica, tirou a vida de um ente querido.
“Logo depois do sucedido, a Polícia veio e disse que haveria de enviar peritos para investigação, mas até hoje já passam três semanas e alguns dias. Assim, acredito que os vestígios estão a desaparecer e as esperanças de ver o caso encerrado vão ficando cada vez mais remotas. Conheço a ineficácia e a falta de eficiência que caracterizam as nossas autoridades mas, pelo menos, deveriam recolher este almofariz. Assim, quando olhamos para o objecto, ele lembra-nos logo a maneira brutal através da qual a nossa sobrinha foi morta.”
Foi desta forma que João Chirindza, tio da vítima, tomado por uma profunda tristeza, desabafou perante a nossa equipa de reportagem. Um crime macabro Segundo apurámos, a vítima chamava-se Marta Baúle e frequentava a oitava classe numa das escolas de Maputo. Naquela madrugada, como sempre, Marta, órfã de pai e mãe, cumpriu com os seus deveres caseiros e a seguir foi dormir enquanto aguardava ansiosamente pelo dia seguinte, por se tratar da data do seu aniversário.
Segundo palavras de seu tio, os criminosos introduziram- se casa adentro, através da janela, e levaram a jovem para o exterior. Depois, espancaram-na e violaram-na sexualmente, tudo isso sem que a vizinhança se apercebesse da situação, devido ao sono profundo. Quando despertaram, já era tarde demais e a pobre Marta encontrava- se gravemente ferida.
Transportada ao Hospital Central de Maputo não resistiu e morreu, no dia em que completava 18 anos. Tudo isto aconteceu a cerca de 200 metros de uma esquadra policial e logo cedo as autoridades foram contactadas. Por sua vez, após algumas diligências, a Polícia concluiu que iria trabalhar no assunto, prometendo enviar para o local uma equipa especializada.
A Lei, através do Código do Processo Penal, no seu artº 176º, diz textualmente: “Logo a seguir à notícia da prática de qualquer infracção que possa deixar vestígios, o juiz providenciará imediatamente para evitar, tanto quanto possível, que esses vestígios se apaguem ou alterem antes de serem devidamente examinados, proibindo, quando for necessário, sob pena de desobediência, a entrada ou trânsito de pessoas estranhas no lugar do crime ou qualquer outros actos que possam prejudicar a descoberta da verdade. O mesmo deverá fazer qualquer autoridade ou agente da autoridade que para isso tenha competência”. Isto é o que reza a Lei mas, até hoje, a arma do crime continua ali abandonada.