O corpo de Mohamed Merah, que matou, este mês, sete pessoas no sul da França antes de ser abatido num cerco policial, foi enterrado, Quinta-feira, em Toulouse, cenário de algumas das mortes, depois de a prefeitura local revogar a proibição do sepultamento na cidade.
Merah, que disse ter agido sob inspiração da Al Qaeda, deveria ter sido enterrado numa aldeia do norte da Argélia, a pedido do seu pai, que mora no lugar.
Mas o pedido foi rejeitado por razões de segurança, segundo informou à Reuters, Quinta-feira, Abdallah Zekri, assessor da direcção da Grande Mesquita de Paris.
Uma testemunha da Reuters viu o corpo de Merah ser sepultado por volta de 19h na ala muçulmana de um cemitério da periferia de Toulouse.
Cerca de 20 pessoas, a maioria jovens, acompanharam o enterro, sob grande escolta policial. O prefeito da cidade, Pierre Cohen, pediu, inicialmente, o adiamento do enterro para que o governo estudasse a possibilidade de que acontecesse noutro lugar.
Cohen considerava inadequado que Merah fosse enterrado na cidade, depois de matar três crianças judias, um rabino e três soldados na própria Toulouse e na vizinha Montauban.
Cohen disse aos jornalistas que recuou do veto ao enterro por orientação do governo nacional, atendendo às razões legais.
O prefeito disse temer que Merah se transforme em mártir, e afirmou que o seu enterro na cidade poderia “perturbar a ordem pública, e vai contra os esforços que tenho feito para unir os cidadãos de Toulouse desde o início desses crimes hediondos”.
Nicole Yardeni, dirigente regional da entidade judaica Crif, disse temer que o túmulo de Merah vire local de peregrinação para jihadistas.
A candidata direitista a presidente Marine Le Pen acusou o presidente Nicolas Sarkozy de curvar-se às exigências da Argélia.
“Mohamed Merah derramou sangue sobre o nosso solo, sobre a nossa bandeira, mas será enterrado no território francês por causa da ultrajante capitulação de Nicolas Sarkozy às autoridades argelinas”, disse ela em nota.
Uma fonte do governo argelino confirmou anteriormente que Argel rejeitou o enterro de Merah na localidade de Bezzazz.
“A Argélia não tem nada a ver com o caso, e não entendemos por que alguns círculos na França estão a tentar nos envolver nisso. Por isso tomamos a decisão de não admitir o corpo por enquanto na Argélia”, disse a fonte, que pediu anonimato e ressaltou tratar-se duma “decisão temporária”.
O pai do Merah criticou as autoridades francesas por não terem sido capaz de capturá-lo com vida ao final de 30 horas de cerco, semana passada, e disse que pretende processar o governo da França.
Zahia Mokhtari, advogada do Merah, disse que o pai do atirador chorou ao saber que o corpo não iria para a Argélia.
“Ele queria que ele tivesse um sepultamento de acordo com a sua religião, e descansasse na terra da sua família. Quando soube da recusa ficou surpreso e chorou muito.”