O mundo está a ficar mais quente, e 2011 é um dos anos com mais calor já registrado, num fenômeno que deve agravar inundações, secas e outros padrões climáticos radicais em todo o planeta, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira pela ONU.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM, um órgão da ONU) disse que os 13 anos com maior temperatura global foram todos registrados desde 1997, e que isso contribuiu com a maior intensidade das secas e chuvas. “Nossa ciência é sólida e prova inequivocamente que o mundo está se aquecendo e que o aquecimento se deve a atividades humanas”, disse o subsecretário-geral da OMM, Jerry Lengoasa, a jornalistas em Durban.
Este ano, o clima mundial foi fortemente influenciado pelo fenômeno La Niña, que surgiu de forma inesperada no Pacífico tropical no segundo semestre de 2010. Esse resfriamento natural das águas oceânicas geralmente causa uma intensificação dos padrões climáticos na Ásia/Pacífico, América do Sul e Ásia. O La Niña de 2010 foi um dos mais fortes dos últimos 60 anos, e está associado a secas no leste da África, em ilhas do Pacífico equatorial central e nos EUA, além de inundações em outros lugares do planeta.
O relatório foi divulgado de modo a coincidir com a conferência climática anual da ONU, que começa esta semana em Durban (costa leste da África do Sul). Ao contrário do que ocorreu nas conferências dos anos anteriores, em Copenhague e Cancún, desta vez há pouca expectativa de que a reunião resulte na adoção de um novo tratado climático global, para vigorar a partir de 2013.
Os dois maiores emissores globais de gases do efeito estufa, China e Estados Unidos, não parecem dispostos a prometerem cortes sem que o outro faça o mesmo. Japão, Canadá e Rússia, que também são atores importantes nesse processo, tampouco parecem dispostos a renovar compromissos que expiram no ano que vem, ao passo que a União Europeia propõe que o novo tratado fique para 2015.
O relatório diz que a acumulação de gases do efeito estufa desgastou as calotas de gelo dos pólos e deixou o mundo próximo de mudanças irreversíveis nos seus ecossistemas. “As concentrações de gases do efeito estufa na atmosfera atingiram novos recordes”, disse o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud, em outra nota. “Elas estão rapidamente a aproximar-se de níveis consistentes com o aumento de 2 a 2,4 graus centígrados nas temperaturas globais médias, o qual os cientistas acreditam que poderá desencadear mudanças abrangentes e irreversíveis na nossa Terra, na biosfera e nos oceanos.”
A Rússia foi o país que experimentou a maior variação de temperatura em relação à média mundial. Em algumas partes do norte do país, a temperatura entre janeiro e outubro foi 4 graus superior ao normal, segundo o relatório.